Enquadra-se o presente estudo na busca por rotas sustentáveis para o desenvolvimento de materiais antimicrobianos, motivada pelo incremento da resistência microbiana e pela necessidade de processos compatíveis com princípios da Química Verde. Objetivou-se investigar a extração de alginato de sódio das macroalgas Sargassum cymosum e Pterocladiella capillacea visando seu uso como matriz polimérica na biossíntese de nanopartículas de prata (AgNPs) e, de forma complementar, avaliar o efeito da concentração de extratos aquosos da macroalga Pterocladiella capillacea como agentes redutores e estabilizantes também na biossíntese de nanopartículas de prata (AgNPs). Para tanto, a extração de alginato envolveu tratamento inicial com CaCl2 para remoção de impurezas, conversão alcalina com Na2CO3, filtração (gravidade e a vácuo) e precipitação por etanol, com cálculo de rendimento em relação à biomassa seca inicial. Paralelamente, prepararam-se extratos aquosos da Pterocladiella capillace por maceração/infusão e executaram-se séries de diluição (intervalo investigado: 0,1 a 0,00125 g·mL¿¹); a seguir, procedeu-se à adição de solução de AgNO3 sob condições controladas de temperatura, monitorando-se a formação de AgNPs por espectrofotometria UV–vis (identificação da banda de ressonância plasmônica superficial) e caracterizando-se dimensão e distribuição por espalhamento dinâmico de luz (DLS). Quanto ao alginato, verificou-se rendimento superior em Sargassum cymosum (3,81%), em contraste com recuperação limitada a partir de Pterocladiella capillacea, sensível ao método de filtração (0,008% por gravidade versus 0,536% por vácuo). Já para os extratos aquosos os resultados evidenciaram que apenas faixas reduzidas de concentração do extrato aquoso (0,0125 a 0,00125 g·mL¿¹) promoveram formação detectável de AgNPs por UV–vis, indicando dependência crítica da razão extrato:Ag¿; as partículas obtidas apresentaram polidispersidade, com diâmetros médios observados por DLS variando entre aproximadamente 14 nm e 78 nm, sendo que amostras sintetizadas com 0,0025 e 0,00125 g·mL¿¹ demonstraram melhor estabilidade coloidal durante sete semanas de armazenamento, enquanto concentrações mais elevadas tenderam a favorecer agregação e perda de estabilidade. Conclui-se que extratos aquosos de P. capillacea constituem rota viável para a biossíntese de AgNPs, com a concentração do extrato sendo fator determinante para controle de tamanho e estabilidade; adicionalmente, os alginatos extraídos, em especial os derivados de Sargassum, emergem como matrizes promissoras para imobilização e estabilização de AgNPs, recomendando-se a otimização de parâmetros sintéticos e do protocolo de extração para viabilizar maiores rendimentos.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.