• Resumo

    Aplicação de escama de sardinha como adsorvente sustentável para o tratamento de corantes em efluentes

    Data de publicação: 05/12/2025

    O corante violeta de genciana é amplamente utilizado em diferentes áreas, principalmente na medicina, na microbiologia e na indústria têxtil e de cosméticos, devido a sua alta intensidade de coloração. Classificado como poluente orgânico persistente (POP), o violeta de genciana apresenta alta toxicidade para organismos aquáticos, como peixes, algas e microorganismos. Além de potencial mutagênico e carcinogênico, possui baixa biodegradabilidade, o que o torna persistente no ambiente. Seu descarte inadequado em corpos d’água pode interferir na fotossíntese, reduzir a transparência da água, comprometer o equilíbrio ecológico e representar riscos à saúde humana. Esses impactos tornam essencial o desenvolvimento de métodos eficientes e sustentáveis para sua remoção. À vista disso, o processo de adsorção utilizando resíduos da indústria pesqueira surge como uma alternativa promissora, combinando eficácia técnica com benefícios ambientais e econômicos. Este estudo teve como objetivo avaliar a eficiência da adsorção do corante violeta de genciana (VG) utilizando escamas de sardinha verdadeira (Sardinella brasiliensis) in natura como material adsorvente, visando propor uma solução sustentável para o tratamento de efluentes contaminados. AS escamas foram doadas por uma Indústria de Pescado da Região.As escamas foram lavadas em água corrente, lavadas com HCl 0,1 M e secas em estufas. Posteriormente, foram trituradas e peneiradas para obter a granulometria desejada (granulometria de 325 mesh). Uma solução de 100 ppm do corante (GV) foi utilizada como solução estoque, sendo realizada uma curva de calibração na faixa de 1 a 10 ppm. O teste de adsorção foi realizado em sistema batelada. Na primeira etapa, foram realizados testes de variação da massa do adsorvente com o objetivo de determinar a influência da quantidade de material na eficiência da remoção do corante. Foram preparadas amostras de solução aquosa de VG com concentração inicial de 10 ppm, volume de 10mL e pH natural do corante. Em cada frasco foram adicionadas massas diferentes da escama (0,01g; 0,02g; 0,04g; 0,08g; 0,1g; 0,12g e 0,14g). Após 60 minutos em contato com o adsorvente, as soluções foram analisadas em espectrofotômetro a 590 nm para determinação da concentração final do corante. Na segunda etapa, realizou-se o estudo da cinética de adsorção utilizando a massa de adsorvente considerada ideal na etapa anterior (0,1 g). Foram coletadas alíquotas da solução em diferentes tempos de contato (3, 5, 7, 10, 15, 20, 25 e 30 minutos). Após isso, as amostras foram imediatamente analisadas por espectrofotometria de UV-Vis (590 nm), obtendo-se 5 minutos como tempo ideal. Os dados experimentais foram ajustados aos modelos cinéticos de pseudo-primeira ordem e pseudo-segunda ordem, sendo que o modelo de pseudo-segunda ordem apresentou o melhor ajuste (R² = 0,9996). Sendo assim, os resultados obtidos foram satisfatórios, com um percentual de remoção de 62,6% com 0,1 gramas da escama de sardinha in natura durante 5 minutos em agitação. Os resultados obtidos neste estudo evidenciam que as escamas de sardinha in natura, com granulometria controlada, apresentam-se como um material adsorvente eficaz para a remoção do corante VG em meio aquoso. A utilização desse resíduo pesqueiro não apenas demonstrou bom desempenho na adsorção, como também representou uma alternativa de baixo custo e impacto ambiental reduzido. Dessa forma, a proposta está alinhada aos princípios da química verde e contribui para a valorização de resíduos, promovendo práticas sustentáveis na área de tratamento de efluentes.

Anais do Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Itajaí

Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.

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