• Resumo

    Avaliação do regime hidrológico da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú e tendências relacionadas às mudanças climáticas

    Data de publicação: 05/12/2025

    Assim como o Egito Antigo e outras civilizações históricas dependiam do manejo das águas para sua sobrevivência, as cidades de Balneário Camboriú e Camboriú convivem com um desafio semelhante, a compreensão e gerenciamento das águas do Rio Camboriú, situado na Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú. No passado, a ausência de previsão das cheias significava insegurança alimentar e colapso social; atualmente, a falta de monitoramento resulta em prejuízos na infraestrutura urbana, na segurança da população e na crise na manutenção dos recursos hídricos. Diante disso, este projeto teve como objetivo avaliar o regime hidrológico (precipitação e vazão) da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú e tendências relacionadas às mudanças climáticas. Foram utilizados dados de seis estações pluviométricas e três estações fluviométricas, disponibilizadas pela EPAGRI. Por meio do software Matlab, realizou-se a análise estatística de séries temporais diárias de precipitação, do período de 2008 a 2024, com o objetivo de quantificar a precipitação máxima (Pmax), precipitação mínima (Pmin), precipitação média (Pméd), precipitação acumulada em 1h, 2h e 3h (P1h, P2h, P3h), total anual da bacia e avaliar a sazonalidade. Para isso, a avaliação dos totais anuais da bacia baseou-se nos anos que possuíam 90% de dados válidos mensais com os 12 meses presentes. Em relação à avaliação sazonal de precipitação, utilizaram-se os trimestres correspondentes a cada estação do ano com 90% de dados válidos. As séries horárias de níveis de rio instantâneos (2008 a 2021) foram convertidas em vazão mediante curva-chave. Foram calculadas as variáveis para as vazões: Qmax, Qmín, Qméd, Qmlt, Q95, Q98 e Q7,10. Os resultados dos totais anuais de precipitação na bacia hidrográfica foram de 1.309 mm (2016), 1.454 mm (2018), 1.493 mm (2019) e 1.221 mm (2020). Na avaliação sazonal, o verão apresentou maior precipitação com 580 mm, seguido do outono com 438 mm, 426 mm na primavera e 244 mm no inverno. Os valores de vazão médios apresentados foram de 2,33 m³/s na Captação, 0,73 m³/s no Braço e 0,47 m³/s no Rio Canoas. Por outro lado, as vazões máximas observadas foram de 22,47 m³/s, 36,14 m³/s e 4,60 m³/s, respectivamente. Para as vazões Q95 e Q98, referentes às vazões garantidas em 95% e 98% do tempo, exibiram valores iguais em cada estação, sendo 0,03 m³/s na Captação, 0,57 m³/s no Rio do Braço e 0,13 m³/s no Rio Canoas. A Q7,10 (vazão mínima anual de 7 dias consecutivos com tempo de retorno de 10 anos) resultou em valores de 0,03 m³/s, 0,57 m³/s e 0,12 m³/s, respectivamente. Por fim, a Qmlt (vazão média de longo termo) foi de 2,33 m³/s para a Captação, 0,73 m³/s no Rio do Braço e 0,16 m³/s no Rio Canoas. O rio Camboriú, monitorado pela estação de Captação da EMASA, é formado pela confluência dos rios do Braço e Canoas. Contudo, a vazão máxima foi registrada no Rio do Braço. Este resultado é provavelmente influenciado por falhas nas séries temporais, que podem ter mascarado o verdadeiro pico de vazão no Rio Camboriú durante o mesmo evento. De mesmo modo, os valores de médios anuais de precipitação e as variáveis de vazão foram inferiores aos estabelecidos no Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Camboriú e Bacias Contíguas. Esse contraste possivelmente deve-se às diferentes metodologias empregadas nos estudos e às lacunas nas séries temporais, embora os valores de precipitação sazonal tenham sido maiores.

Anais do Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Itajaí

Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.

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