O empreendedorismo social refere-se a ações empreendedoras realizadas por indivíduos ou grupos que, de forma colaborativa, buscam gerar impacto social positivo por meio da identificação e exploração de oportunidades. Este estudo teve como objetivo identificar as características da orientação empreendedora (OE) presentes em organizações não governamentais (ONGs) que desenvolvem projetos sociais voltados à área da educação. Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, baseada em análise documental de projetos de três ONGs brasileiras premiadas em 2024: ABC Aprendiz, Cepfs – Transformando o Sertão e Soul Bilíngue. A análise foi conduzida à luz do modelo conceitual de Carmona et al. (2018), que considera as dimensões da OE: inovatividade, proatividade, assunção de riscos, autonomia e agressividade competitiva. Os resultados revelaram que as cinco dimensões da OE se manifestam de maneira consistente nas três organizações investigadas. Na inovatividade, o ABC Aprendiz destacou-se pela integração de formação técnica, cultural e profissional; o Cepfs pela implementação de tecnologias sociais de captação de água adaptadas ao semiárido; e a Soul Bilíngue pela democratização do ensino de inglês e intercâmbio via plataforma gamificada. Na proatividade, todas antecipam tendências e atuam de forma pioneira, fortalecendo redes e captando recursos de maneira estratégica. A assunção de riscos foi evidenciada na disposição de investir em projetos de alto impacto, mesmo diante de incertezas financeiras e sociais. Quanto à autonomia, as três ONGs demonstraram liberdade decisória para criar e implementar soluções inovadoras alinhadas à missão social. Por fim, a agressividade competitiva mostrou-se presente na capacidade de posicionamento institucional, fortalecimento da marca e manutenção de vantagem estratégica para assegurar impacto contínuo. A análise evidenciou que a aplicação da OE no contexto do empreendedorismo social educacional potencializa a geração de valor social e amplia a inclusão, a cidadania e a transformação comunitária. Essas organizações não apenas respondem a demandas já existentes, mas moldam ativamente o ambiente em que atuam, garantindo relevância e sustentabilidade a longo prazo. Do ponto de vista teórico, o estudo contribui para a compreensão de como a OE se manifesta em organizações do Terceiro Setor, especialmente naquelas que operam na área educacional, preenchendo lacunas sobre processos empreendedores sociais e sua relação com a criação de valor. No âmbito prático, oferece subsídios para gestores, formuladores de políticas e investidores sociais estruturarem estratégias que estimulem inovação, resiliência organizacional e colaboração interinstitucional. Em termos de contribuição social, a pesquisa evidencia que fortalecer a OE nas ONGs educacionais favorece a inclusão de públicos vulneráveis, promove soluções adaptadas às realidades locais e amplia a capacidade de gerar mudanças sociais sustentáveis. Tais práticas podem inspirar outras organizações e contribuir para o desenvolvimento de ecossistemas sociais mais inovadores, inclusivos e financeiramente viáveis.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.