É comum que o ensino de História se restrinja à reprodução do que foi transmitido ao docente, limitando o estudante a uma visão única e dificultando o desenvolvimento do pensamento crítico. Nesse sentido, o uso de fontes históricas em sala de aula torna-se essencial, pois amplia as possibilidades de interpretação, estimula a curiosidade, a criatividade e a capacidade reflexiva dos alunos.
Este resumo tem como objetivo destacar a aplicação das fontes históricas (escritas e não escritas) como recurso pedagógico para a formação do pensamento crítico na aquisição de conhecimentos. Para isso, foi desenvolvida uma pesquisa de caráter qualitativo, com análise de fontes e revisão bibliográfica durante uma aula, a partir do tema que estava sendo estudado: o contexto sociocultural e político brasileiro na década de 1970.
O trabalho consistiu em propor a interpretação de diferentes fontes, produção escrita, conclusão e reflexão dos resultados por meio de apresentação oral. Para tanto, a turma foi organizada em grupos, cada qual com um tipo de fonte: grupo A (fontes sonoras e visuais), grupo B (fontes orais) e grupo C (fontes textuais). Em seguida, realizou-se a apresentação e a interpretação dos documentos históricos, bem como a análise contextualizada, com produção textual a partir das observações feitas. As fontes foram exploradas a partir de três eixos: futebol, política e comportamento das classes populares brasileiras.
Também ocorreram a apresentação e a discussão dos resultados, orientadas pelo professor, que buscou relacionar acontecimentos históricos com questões atuais. Foi fundamental que o docente não fornecesse respostas prontas, incentivando a participação ativa e reflexiva dos estudantes.
Como resultado, os alunos chegaram a debates importantes: a forte influência do futebol durante o Regime Militar — tanto como forma de mascarar a ditadura quanto como meio de protesto — e a permanência do futebol como espaço de manifestação política. Visualizaram, por exemplo, como o governo se beneficiou da conquista da Copa do Mundo de 1970, promovendo propaganda positiva ao regime por meio do slogan “Pra Frente Brasil”. Por outro lado, também perceberam como as camadas populares encontraram no futebol instrumentos de resistência à ditadura, como no episódio entre Corinthians e Santos, em 1979, quando torcedores ergueram uma faixa com a frase “anistia ampla, geral e irrestrita”.
Toda essa análise culminou em resultados como o fortalecimento da consciência crítica e a ampliação das perspectivas dos estudantes em relação ao tema. Conclui-se que, ao ensinar História, é essencial compreender que não existe uma “verdade absoluta”, mas múltiplas interpretações construídas a partir das fontes históricas. Afinal, é por meio delas que o historiador reconstrói eventos, sempre a partir de sua própria perspectiva. Sendo, portanto, indispensável a sua presença em sala de aula.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.