Durante o período gestacional, a alimentação materna exerce grande influência sobre a saúde da mãe e do recém nascido, visto que alterações metabólicas e fisiológicas ocorrem nesse período e elevam a demanda nutricional, tornando a dieta um eixo central para o desenvolvimento fetal e imunológico. Levando em conta a crescente incidência de alergias alimentares em crianças e o papel da microbiota intestinal na imunidade, este estudo teve como finalidade a investigação sobre a relação dos hábitos alimentares maternos e aleitamento contribuem para a prevenção ou surgimento dessas condições. O problema de pesquisa buscou responder se a dieta da gestante pode gerar impacto no sistema imunológico fetal, modulando o risco de alergias alimentares na infância. Para isso, foi conduzida uma revisão integrativa da literatura, abrangendo artigos publicados entre 2015 e 2025 em bases nacionais e internacionais, com critérios de inclusão que contemplaram estudos clínicos relacionados à alimentação materna, ao aleitamento e desenvolvimento de alergias em crianças do nascimento até a introdução alimentar. A metodologia seguiu etapas sistematizadas de busca, triagem, análise crítica e síntese dos dados, resultando na seleção de 31 artigos originais e de revisão. Os resultados revelaram que dietas ricas em fibras, antioxidantes, ácidos graxos essenciais e alimentos in natura estão associadas à modulação positiva da microbiota infantil e à redução da sensibilização alérgica, enquanto o consumo elevado de ultraprocessados mostrou-se prejudicial à qualidade da dieta materna e ao desenvolvimento imunológico do bebê. Estudos também destacaram que a exposição intrauterina a nutrientes e sabores pode influenciar preferências alimentares futuras, e que o tipo de parto, o uso de antibióticos e a duração do aleitamento interferem diretamente na colonização microbiana e na tolerância oral. Evidenciou-se que o aleitamento materno exclusivo é um fator protetor relevante, favorecendo maior diversidade bacteriana e reduzindo a predisposição a doenças alérgicas, embora restrições alimentares indiscriminadas durante a gestação tenham se mostrado prejudiciais, podendo aumentar a susceptibilidade a alergias. Entre as principais conclusões, observou-se que a nutrição materna é essencial para a saúde infantil, tanto pela via direta de fornecimento de nutrientes ao feto quanto pela influência indireta na microbiota e no sistema imunológico. Apesar disso, a literatura analisada apresentou limitações metodológicas, especialmente a escassez de ensaios clínicos randomizados de larga escala, o que reforça a necessidade de investigações futuras que consolidam relações causais mais robustas. De forma geral, constatou-se que práticas alimentares adequadas durante a gestação, associadas ao incentivo ao aleitamento materno, representam estratégias fundamentais na prevenção de alergias alimentares e na promoção da saúde infantil, sendo imprescindível a implementação de políticas públicas de orientação nutricional no pré-natal e no período lactacional.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.