Doenças pulmonares restritivas são caracterizadas pela diminuição da complacência pulmonar, dificultando a expansão dos pulmões, o que leva à redução dos volumes respiratórios e, consequentemente, da capacidade pulmonar total. Ademais, constituem um conjunto heterogêneo de distúrbios pulmonares que são caracterizados por um prognóstico de mortalidade e morbidade desfavorável. Estas condições decorrem de alterações estruturais irreversíveis no parênquima pulmonar devido a causas de origem intrínsecas e extrínsecas. Além das alterações estruturais, essas doenças comprometem significativamente a capacidade funcional, sendo um importante indicador do estado clínico e da qualidade de vida desses indivíduos. A avaliação da capacidade funcional permite identificar limitações na tolerância ao esforço e nas atividades diárias. O teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) constitui uma ferramenta prática e objetiva para mensurar a capacidade de exercício em indivíduos com doenças pulmonares, sendo classificado como teste submáximo de resistência. Porém, em pacientes com maior gravidade, o TC6M pode se aproximar de um esforço máximo devido às limitações sintomáticas. O objetivo deste estudo foi comparar o desempenho no TC6M de indivíduos com doença pulmonar restritiva avaliadas em um ambulatório de referência em fisioterapia com os valores de normalidade. Foi um estudo do tipo exploratório, descritivo e quantitativo realizado em um ambulatório de fisioterapia de uma universidade no Litoral Norte de Santa Catarina, com dados coletados por meio do TC6M. O TC6M consistiu em caminhar a maior distância possível durante um tempo de seis minutos em um corredor de 30 metros, com superfície plana, local arejado e bem iluminado. Decorridos seis minutos, foram instruídos a parar de andar e foi mensurada a distância total da caminhada em metros. Os resultados foram apresentados em metros e para o cálculo do valor previsto, ou de referência para a distância no TC6 foram utilizadas as equações propostas por Enright e Sherril: TC6 (m)= (7,57x altura cm)-(5,02x idade)-(1,76x peso Kg) - 309m para homens e TC6 (m)= (2,11x altura cm)-(2,29x peso kg)-(5,78x idade)+667m para mulheres. Os dados foram tabulados no Software Excel® e comparados com os valores previstos com o teste t de student com nível de significância p<0,05. Participaram 16 pessoas com DVR de grau leve, moderado e grave. A média de idade observada da amostra total foi de 61,68 ±11,57 anos. Todos os participantes apresentaram a capacidade de exercícios de membros inferiores abaixo do previsto, a média do TC6M obtido foi de 330,43±86,64 e a média do TC6M previsto foi de 537,56±65,11. Na comparação entre as médias do TC6M obtido e do TC6M previsto houve diferença estatística significativa com p<0,05. Ainda, 6,25% tinham capacidade abaixo de 40% do valor previsto; 43,75% capacidade entre 40 e 60% do valor previsto; 31,25% capacidade entre 60 e 80% e 18.75% capacidade entre 80 e 100%. Com base nos achados deste estudo, evidenciou-se redução significativa da capacidade funcional em indivíduos com doença pulmonar restritiva, sendo mensurado pelo TC6M, confirmando limitações importantes na tolerância ao esforço físico. O TC6M apresentou aplicabilidade prática no auxílio da identificação destas limitações, demonstrando ser uma ferramenta útil para a avaliação da capacidade funcional e monitoramento clínico. A relação direta entre capacidade funcional e qualidade de vida ressalta a necessidade de programas de reabilitação pulmonar direcionados ao aprimoramento da resistência aeróbica, favorecendo maior autonomia para as atividades de vida diária das pessoas com doença pulmonar restritiva. Os resultados também reforçam a relevância do acompanhamento sistemático e da atuação multiprofissional no manejo de indivíduos com essa doença, contribuindo para o planejamento terapêutico, otimização do prognóstico e promoção da saúde.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.