Este estudo analisa os indicadores epidemiológicos relacionados à saúde materna no município de Navegantes, Santa Catarina, com ênfase na atenção pré-natal e puerperal no âmbito da atenção básica, tendo como aplicação a necessidade de compreender a efetividade dos serviços prestados às gestantes no município. A investigação de delineamento quantitativo, de caráter descritivo e retrospectivo, com base em dados secundários extraídos do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB). Foram analisados registros referentes ao período de 2019 a 2023, contemplando cinco indicadores: número de gestantes com exames realizados até a 20ª semana (SB1), atendimentos médicos no puerpério até 42 dias após o parto (SB2), gestantes que iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre (SB3), atendimentos de puericultura (SB4) e gestantes com vacinação em dia durante o pré-natal (SB5). Além disso, foi realizada estratificação por Unidades Básicas de Saúde (UBS) para comparar o desempenho das diferentes regiões do município. Os dados foram organizados em séries históricas, permitindo a identificação de tendências temporais, bem como a comparação da evolução dos serviços em áreas distintas de cobertura da atenção primária. Os resultados revelaram expansão expressiva dos serviços. O SB1 apresentou crescimento superior a 1.500%, passando de 19 registros em 2019 para 308 em 2023, o que evidencia maior eficiência na captação precoce das gestantes. O SB2, que mede atendimentos no puerpério, apresentou oscilações, mas registrado fechado em 2023, com 167 atendimentos, totalizando 447 no período. O SB3 mostrou-se o indicador mais robusto e estável, alcançando 898 registros em 2023 e acumulando 3.352 em cinco anos, confirmando o avanço no início precoce do pré-natal. O SB4 teve o crescimento mais acentuado, saindo de nenhum registro em 2019 para 6.933 em 2023, acumulando 14.544 atendimentos de puericultura. Já o SB5 declarou aumento expressivo na cobertura vacinal, de 324 registros em 2019 para 6.312 em 2023, totalizando 16.758. Esses resultados sugerem não apenas avanços na qualidade e cobertura dos serviços, mas também a integração das ações de saúde da mulher e da criança, fortalecendo a linha de cuidado ao longo do ciclo gravídico-puerperal.MNa análise do UBS, obteve-se heterogeneidade significativa, Unidades como São Paulo (930 atendimentos acumulados), Nossa Senhora das Graças (687), Meia Praia (536), São Domingos II (504), Central (503) e Gravatá (500) destacaram desempenho elevado e consistente, fornecendo infraestrutura consolidada, captação efetiva e equipes técnicas. Por outro lado, UBS como Volta Grande, Hugo de Almeida, Areias, Pedreiros, Covid e Escalvadinho registraram menos de 50 atendimentos no período, diminuíram falhas de registro, desativação temporária ou barreiras de acesso relacionadas à localização geográfica e disponibilidade de recursos. Tal disparidade demonstra a necessidade de revisão das estratégias de cobertura, fortalecimento da gestão da informação e investigação de possíveis barreiras socioeconômicas ou territoriais. Apesar dos avanços, a ausência de dados específicos sobre gestantes de alto risco constitui limitação metodológica central, dificultando a possibilidade de análises mais direcionadas a situações específicas. Essa lacuna reflete fragilidades nos sistemas de informação, que dependem do preenchimento por equipes locais e não contemplam variáveis ¿¿cruciais para o monitoramento de riscos. Conclui-se que, embora os resultados indiquem progressos consistentes na atenção à saúde materna, persiste uma necessidade urgente de aprimoramento dos sistemas de registro, com inclusão de variáveis ¿¿que permitam identificar diferentes perfis de risco gestacional. Tal aprimoramento é necessário para subsidiar políticas públicas mais equitativas, garantir a integralidade do cuidado e consolidar a atenção básica como eixo estruturante da saúde materno-infantil no município