Esta pesquisa teve como objetivo “analisar as relações entre práticas corporais, saúde e escola em artigos científicos disponíveis nas bases de dados Portal de Periódico CAPES, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS)”. Partiu-se de uma pesquisa de Revisão Integrativa (RI) da literatura sobre o objeto de estudo. Analisar contextos e usos de práticas corporais implica problematizar quando e como este conceito é mobilizado no campo da Educação Física e que interfaces faz com educação e saúde. Metodologicamente se baseou a busca de artigos científicos nos portais CAPES, SciELO e BVS tendo os seguintes descritores de busca: ‘práticas corporais’, ‘educação’ e ‘saúde’, seguidos pelo operador booleano “and”. Para maior refinamento dos dados foram estipulados critérios de elegibilidade dos artigos, como por exemplo: a) ser publicado no brasil, b) em idioma português, c) nos anos de 2019 à 2023 (último 5 anos a partir do início desta pesquisa), d) ser artigo científico, e) em periódico revisado por pares, f) ser estudo primário, e g) estar com o link de acesso nas plataformas ativo. Inicialmente, a partir da busca seguindo os descritores supracitados nos três bancos de dados que compuseram o escopo da pesquisa, obteve-se 9588 artigos. No entanto, ao realizar o filtro de busca através dos critérios de elegibilidade foram eleitos 29 artigos para análise e discussão. As categorias elegidas foram: abordagens metodológicas das pesquisas, uso do conceito e sua operacionalização, e definições para práticas corporais. Dentre os 29 artigos analisados, destaca-se a predominância do uso de metodologias de pesquisa de cunho qualitativo, com uso de análise documental, pesquisas de campo com utilização de entrevistas e pesquisa-ação. No que se refere ao uso do termo práticas corporais verificou-se distintas formas de utilização: a) ‘práticas corporais’; b) ‘práticas corporais e atividades físicas’; e c) ‘práticas corporais /atividade. Em relação ao uso da expressão ‘práticas corporais’ de forma isolada, percebeu-se que se constitui como um conceito único para responder demandas de ordem sociocultural. Por outro lado, quando apresentada seguida do termo ‘atividades físicas’, estes se colocam como oposição um do outro, sendo atividade física direcionada para o campo biológico do corpo humano. E assim, o aditivo ‘e’ considera uma distinção de ambos conceitos. E por fim, destaque para o uso de ambos os termos empregados de forma conjunta, ‘práticas corporais/atividades físicas’, que representa que estes conceitos são sinônimos e respondem aos mesmos problemas do campo da educação física. Dos 29 artigos analisados, apenas 11 definem práticas corporais. Estas definições foram separadas em três grandes grupos: a) artigos que ao definir práticas corporais associam o conceito ao movimento humano, para além de fatores biológicos, como cultura e em oposição à atividade física; b) artigos caracterizados pelo uso do conceito de forma análoga ao de cultura corporal de movimento; e c) artigos que adotam pressupostos teóricos do campo da saúde coletiva, e assim, se vale termos como cuidado, autonomia, acolhimento e afeto para definir práticas corporais. Por fim, considera-se recorrentes os três distintos usos de práticas corporais apresentados, além dos consensos na associação de práticas corporais como forma de linguagem e de uma concepção de movimento para além do biológico, considerando aspectos culturais e históricos de cada ser humano. As divergências representadas implicam em diferentes formas de usos dos termos e conceituações, o que indica uma necessidade de mais estudos e avanços na área para produção de conceitos que possam ser mais precisos no campo da Educação Física em interface com saúde e educação, assim como, análises que se debrucem sobre as bases epistemológicas que sustentam cada uso destes termos.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.