• Resumo

    O manejo da fisioterapia na neuropatia periférica induzida por quimioterapia: uma revisão integrativa

    Data de publicação: 05/12/2025

    A quimioterapia é uma das principais modalidades terapêuticas no tratamento oncológico, utilizada isoladamente ou em associação a outras abordagens. No entanto, seu uso está frequentemente relacionado a efeitos adversos que comprometem a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes. Entre eles, destaca-se a neuropatia periférica induzida por quimioterapia (NPIQ), caracterizada por alterações sensoriais, motoras e autonômicas decorrentes da toxicidade dos agentes quimioterápicos sobre o sistema nervoso periférico. Representando um importante desafio clínico, pois sintomas como dor, parestesias, fraqueza muscular e alteração da propriocepção podem dificultar a adesão e até levar à interrupção do tratamento. Nesse contexto, a fisioterapia surge como uma estratégia não farmacológica relevante, auxiliando na redução dos sintomas e na preservação da funcionalidade. O objetivo é identificar as diferentes formas de manejo fisioterapêutico utilizadas no tratamento da NIPQ e analisar com base na literatura revisada, quais abordagens demonstram maior eficácia na funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes oncológicos. Trata-se de uma revisão integrativa e tem como pergunta norteadora “Quais as principais formas de manejo fisioterapêutico empregadas no tratamento da NPIQ e quais dessas intervenções apresentam maior evidência e eficácia na melhora dos sintomas em oncológicos adultos submetidos à quimioterapia”. Guiada pela estratégia PICOD, na base de dados BVS, utilizando descritores DeCS “Serviços de fisioterapia”, “Modalidades de fisioterapia”, “Reabilitação”, “Exercício”, “Quimioterapia”, “Neuropatia paraneoplásica periférica” traduzidos também para o inglês e espanhol, combinados por operadores booleanos AND e OR. Além do termo livre “Chemotherapy-induced peripheral neuropathy”. Os critérios de inclusão abrangeram estudos nos idiomas português e inglês com acesso ao texto completo gratuito no formato PDF. Foram incluídos estudos publicados entre 2019 e 2025, qualitativos, quantitativos ou mistos, com pacientes adultos em tratamento quimioterápico. A qualidade metodológica dos ensaios clínicos foi avaliada por meio da Escala PEDro, revisões narrativas através da Escala Sanra e a Escala AMSTAR 2 para a análise de revisões sistemáticas. Foram excluídos artigos duplicados, os não disponíveis na íntegra, aqueles que não apresentavam relação direta com o objeto de estudo, ensaios clínicos sem grupo controle, estudos que envolvam pessoas com outros diagnósticos e com baixa pontuação nas escalas elencadas. Por fim, realizada a correlação dos estudos, com o objetivo de copilar os resultados de forma integrativa e organizada. A busca na base PubMed identificou 39.884 artigos. Após aplicação de filtros por período, idioma, população e tipo de estudo, restaram 481 para triagem. Ao realizar a análise de título e resumo, foram excluídos 469 artigos duplicados, não disponíveis na íntegra e não relacionados ao tema. Treze foram considerados potencialmente elegíveis para leitura completa e avaliados pelos instrumentos PEDro, SANRA e AMSTAR 2. Três estudos foram excluídos por não atenderem aos critérios de qualidade. Assim, 10 artigos foram incluídos na revisão. Entre os recursos mais citados na literatura destacam-se a cinesioterapia, com exercícios de fortalecimento, alongamento e treino funcional, e a fotobiomodulação, que apresenta efeitos promissores na redução da dor neuropática e na regeneração tecidual. Técnicas de equilíbrio e treino proprioceptivo também são mencionadas como estratégias auxiliares na prevenção de quedas e melhora da estabilidade postural. Os resultados indicam que a fisioterapia exerce papel relevante na atenuação dos sintomas da NPIQ e na melhora da funcionalidade dos pacientes. A fisioterapia é uma intervenção segura, relevante e potencialmente eficaz no manejo da NPIQ, promovendo através da diminuição dos sintomas, ganhos funcionais e melhor qualidade de vida aos pacientes oncológicos. Contudo, a literatura ainda é limitada e fragmentada, evidenciando a necessidade de mais estudos clínicos controlados e metodologicamente robustos para consolidar as evidências e fortalecer a prática baseada em evidências na reabilitação oncológica.

Anais do Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Itajaí

Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.

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