• Resumo

    Atenção primária à saúde e profilaxia pré-exposição ao HIV: percepção de profissionais no município de Itajaí-SC

    Data de publicação: 05/12/2025

    A infecção pelo HIV/Aids permanece como uma das principais causas de mortalidade em nível mundial, sendo necessário o constante estudo sobre estratégias preventivas. Nesse contexto, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV constitui um excelente recurso de prevenção, por meio da utilização de medicamentos antirretrovirais específicos por pessoas que não vivem com o vírus, com a finalidade de reduzir o risco de infecção após uma possível exposição. Associada a essa estratégia, o engajamento dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) é um fator determinante para o sucesso da expansão PrEP, uma vez que constituem a principal porta de entrada da população aos serviços básicos de saúde, tornando-se fundamentais na expansão do acesso à PrEP. Diante desse cenário, desenvolveu-se um estudo transversal, descritivo com médicos e enfermeiros atuantes da APS do município de Itajaí-SC, no período de abril a setembro de 2024. Utilizando-se de formulário online estruturado contendo questões referentes ao nível de conhecimento sobre a PrEP, ao grau de segurança na recomendação e às barreiras percebidas para sua prescrição. As respostas obtidas foram analisadas em Excel e categorizadas em três eixos principais: conhecimento técnico, subjetividade dos profissionais e entendimento do fluxo local da PrEP. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a rede básica do município conta com 106 médicos e 112 enfermeiros, sendo estes responsáveis pela aplicação dos testes rápidos nas unidades básicas de saúde. Desses profissionais, 26 participaram do estudo, correspondendo a 11,9% do público-alvo. Dentre os respondentes, 10 participantes (38,4%) identificaram-se como enfermeiros e 16 (61,5%) como médicos, todos relataram possuir algum nível de conhecimento prévio sobre a PrEP, embora apenas dois tenham declarado sentir-se plenamente seguros em sua recomendação. A mediana de segurança atribuída foi de 3 entre os médicos e de 2,5 entre os enfermeiros, em uma escala que variava de 0 (nenhuma segurança) a 5 (segurança total). Observou-se que 13 participantes (50%) apontaram dificuldades de ordem técnica, especialmente relacionadas ao desconhecimento dos critérios de indicação, dos possíveis eventos adversos e das contraindicações do método. O obstáculo mais frequentemente citado como barreira foi a ausência de clareza quanto ao fluxo local de prescrição e dispensação da PrEP, citado por 65,3% dos profissionais. Aspectos subjetivos também foram destacados, como o receio de que o uso da profilaxia leve ao abandono do preservativo (23,1%), a ausência do hábito de abordar o tema nas consultas (46,1%) e o desconforto pessoal em tratar do assunto durante o atendimento com os pacientes (15,3%). Além disso, um dos participantes (3,8%) declarou não confiar na eficácia da PrEP como estratégia de prevenção. Os resultados evidenciam que, embora exista conhecimento declarado sobre o método entre médicos e enfermeiros, permanecem barreiras técnicas, institucionais e subjetivas que comprometem sua plena utilização na Atenção Primária à Saúde de Itajaí-SC. Diante dessas limitações, recomenda-se o fortalecimento de estratégias de educação permanente em saúde, a reorganização dos fluxos assistenciais e a adoção de iniciativas de sensibilização dos profissionais, de modo a aprimorar a prática clínica e garantir a efetividade da PrEP, assegurando maior qualidade na atenção prestada e contribuindo para o enfrentamento local da epidemia do HIV/Aids.

Anais do Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Itajaí

Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.

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