• Resumo

    Análise do consumo alimentar de atletas de handebol profissional de uma universidade comunitária do Vale do Itajaí

    Data de publicação: 05/12/2025

    O handebol é um esporte coletivo de alta intensidade que demanda elevado aporte energético e nutricional para sustentar o desempenho e prevenir lesões. A nutrição adequada constitui fator determinante para a performance, destacando-se o papel dos macronutrientes e micronutrientes na recuperação muscular, resistência física e saúde óssea. O presente estudo teve como objetivo avaliar o consumo alimentar de atletas de handebol profissional vinculados a uma universidade comunitária do Vale do Itajaí – SC. A amostra foi composta por 22 atletas, todos maiores de 18 anos, dos quais 19 completaram corretamente o recordatório alimentar aplicado entre fevereiro e julho de 2024, antes de sessões de treinamento. Foram registradas informações referentes a alimentos consumidos, quantidades, frequência e horários de ingestão. A análise seguiu as recomendações das Dietary Reference Intakes (IOM, 2019) e utilizou as equações de Henry e Rees (1991) para estimativa da necessidade energética.Os resultados apontaram ingestão calórica média de 2204 kcal/dia, substancialvelmente inferior à necessidade estimada de 3367 kcal/día, caracterizando déficit de 1163 kcal/dia, o que representa apenas 65,5% da necessidade energética total e configura risco de Deficiência Relativa de Energia no Esporte (RED-S). Em relação aos macronutrientes, 21,05% dos atletas consumiram menos de 45% do valor energético total (VET) proveniente de carboidratos, enquanto 68,42% situaram-se na faixa recomendada de 45–65% e 10,53% ultrapassaram esse limite. Quando analisada a ingestão relativa, observou-se média de 2,9 g/kg/dia, abaixo da recomendação de 6–10 g/kg/dia, indicando insuficiência na principal fonte energética para esforços de alta intensidade. Quanto às proteínas, nenhum atleta apresentou consumo inferior a 10% do VET, 78,95% encontraram-se dentro da faixa adequada de 10–35% e 21,05% excederam esse valor; em termos relativos, a média foi de 1,74 g/kg/dia, dentro da recomendação de 1,2–1,7 g/kg/dia. Para os lipídios, 36,84% dos atletas apresentaram ingestão inferior a 20% do VET, enquanto 63,16% situaram-se na faixa recomendada de 20–35%; a média de 0,55 g/kg/dia confirma adequação relativa, apesar da baixa ingestão percentual observada em parte da amostra. O consumo médio de fibras foi de 33 g/dia, ligeiramente abaixo da recomendação de 38 g/dia.A avaliação de micronutrientes revelou deficiências marcantes de cálcio (42,45% da adequação), vitamina A (31,71%), vitamina C (31,73%), vitamina D (36%) e vitamina E (30%), todos nutrientes relevantes para imunidade, saúde óssea e capacidade antioxidante. Em contrapartida, minerais como ferro, zinco, fósforo, cobre e selênio, além das vitaminas B9 e B12, apresentaram ingestão adequada ou superior às recomendações, mas dentro do limite máximo tolerável. Observou-se também consumo elevado de niacina (444,17% da EAR), possivelmente relacionado à alta ingestão de carnes.Os achados demonstram desequilíbrios importantes entre ingestão e necessidade nutricional, sobretudo déficit energético e insuficiência de carboidratos, associados a inadequações de micronutrientes essenciais. Essas condições podem comprometer o desempenho esportivo, a recuperação e aumentar o risco de fadiga precoce e lesões, especialmente pela baixa ingestão de cálcio e vitamina D. Apesar da adequação proteica e de alguns minerais, tais pontos positivos não compensam os déficits identificados. Conclui-se que os atletas necessitam de acompanhamento nutricional individualizado, com foco na ampliação do aporte energético, no aumento do consumo de carboidratos complexos e na inclusão de alimentos fontes de cálcio e vitaminas antioxidantes. Tais ajustes são fundamentais para otimizar a performance, preservar a saúde e prevenir complicações decorrentes da baixa disponibilidade energética. O estudo evidencia a importância da intervenção nutricional especializada no contexto do esporte de alto rendimento.

Anais do Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Itajaí

Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.

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