• Resumo

    Achados eletrocardiográficos e tratamento invasivo em crianças encaminhadas para avaliação cardiológica: estudo em ambulatório especializado na região sul do Brasil ao longo de 6 anos

    Data de publicação: 05/12/2025

    As cardiopatias congênitas representam uma das principais causas de morbidade na infância, e seu diagnóstico precoce é essencial para o direcionamento terapêutico adequado e para a prevenção de complicações. O eletrocardiograma (ECG) configura-se como ferramenta complementar de grande relevância na triagem de crianças encaminhadas por suspeita de cardiopatia. O manejo dessas condições pode envolver tratamento exclusivamente clínico ou intervenções invasivas, como cateterismo ou cirurgia. O objetivo do presente estudo compreende descrever as alterações eletrocardiográficas observadas na primeira consulta com especialista de crianças encaminhadas por suspeita de cardiopatia e que necessitaram de tratamento invasivo, bem como analisar a prevalência de procedimentos invasivos, o tempo de encaminhamento e os diagnósticos mais frequentes em uma cidade da região Sul do Brasil, no período de seis anos. Trata-se de estudo observacional, descritivo e retrospectivo, realizado de 2014 a 2019, com análise de 1.529 prontuários de pacientes atendidos pela rede pública via Sistema Único de Saúde (SUS). Fizeram parte da amostra todos os pacientes de 0 a 15 anos incompletos com achado suspeito de cardiopatia identificado por médico assistente. Foram analisados dados demográficos, clínicos, eletrocardiográficos, diagnósticos, tempos de encaminhamento e tratamento, procedimentos realizados e desfechos clínicos. Este estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer CAAE 4.678.788. A prevalência de tratamento invasivo foi de 1,44%. O sopro cardíaco esteve presente em 95,5% dos pacientes que necessitaram intervenção. Entre os 22 pacientes submetidos a tratamento invasivo, 63,6% apresentaram alterações no ECG de primeira consulta, sendo os achados mais frequentes o bloqueio incompleto do ramo direito (BIRD) em 22,7%, sobrecarga ventricular esquerda (SVE) em 18,1% e sobrecarga ventricular direita (SVD) em 18,1%. Em 36,3% dos casos o ECG foi normal. As cardiopatias acianóticas mais prevalentes foram comunicação interatrial (CIA – 27,2%), coarctação de aorta (CoAo – 18,2%) e persistência do canal arterial (PCA – 18,2%), enquanto a tetralogia de Fallot foi a cardiopatia cianótica mais frequente. Vinte pacientes foram submetidos a cirurgia, um a cateterismo e um a estudo eletrofisiológico. A mediana do tempo entre a indicação do procedimento e sua realização foi de 82,95 dias (2,76 meses). Dezesseis pacientes evoluíram sem lesões residuais e houve apenas um óbito. Conclui-se que entre os pacientes encaminhados ao especialista por suspeita de cardiopatia, 1,44% necessitaram de tratamento invasivo para correção de cardiopatia congênita. A CIA foi a patologia mais prevalente e o sopro o achado clínico mais frequente de encaminhamento. O BIRD foi a alteração eletrocardiográfica mais comum, sendo que a maioria apresentou ECG pré-operatório alterado. Esses resultados contribuem para a compreensão do perfil assistencial e podem auxiliar no aperfeiçoamento dos fluxos de cuidado em cardiologia pediátrica.

Anais do Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Itajaí

Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.

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