A gestão de riscos em saúde é uma prática fundamental que envolve a identificação, análise e controle sistemático de eventos que podem comprometer a qualidade da assistência, sendo essencial para mitigar ou eliminar falhas nos processos assistenciais e promover a segurança do paciente. Este princípio é central nas políticas de saúde contemporâneas e requer a consolidação de uma cultura organizacional voltada à segurança, que inclui estratégias como comunicação efetiva, protocolos bem definidos e capacitação contínua das equipes. A implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente, em 2013, no Brasil, impulsionou ações voltadas à melhoria da qualidade da atenção, especialmente na Atenção Primária à Saúde. As metas internacionais de segurança do paciente fornece diretrizes que servem como referência para o gerenciamento de riscos e a excelência nos serviços de saúde. No contexto de um ambulatório universitário, essas ações são ainda mais relevantes, pois estão intrinsecamente ligadas à formação ética e técnica dos futuros profissionais da saúde. O presente estudo teve como objetivo desenvolver uma matriz de gerenciamento de risco assistencial e segurança do paciente em um ambulatório universitário localizado na Macrorregião da Foz do Rio Itajaí. A pesquisa, de natureza quantitativa e quase experimental, utilizou a ferramenta FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) para identificar, classificar e priorizar riscos nos processos de trabalho da unidade. A coleta de dados foi realizada por meio de oficinas com profissionais da equipe multiprofissional, resultando na identificação de treze riscos assistenciais, avaliados segundo critérios de severidade, frequência de ocorrência e dificuldade de detecção. Os principais riscos identificados incluíram erro de medicação, segurança de dados/quebra de sigilo, risco de queda, ambiente livre com acesso facilitado, tempo de espera demorado, erro no agendamento, dados incorretos no prontuário, falha na identificação do paciente, falta de supervisão no centro cirúrgico, falta de assistência médica em situações de urgência/emergência, dificuldade de localização do paciente, risco de infecção no centro cirúrgico e a presença de animais peçonhentos no entorno da unidade. Os resultados demonstraram que 46,2% dos riscos foram classificados como de prioridade moderada, 38,5% como de baixa prioridade e 15,4% como de prioridade elevada, demandando intervenções imediatas. Esses achados evidenciam a importância de fortalecer práticas alinhadas às metas internacionais de segurança, subsidiando estratégias de monitoramento e tomada de decisão. Recomenda-se a incorporação contínua de indicadores de desempenho como ferramenta de apoio à gestão, visando à qualificação da assistência prestada no ambiente ambulatorial universitário. A adoção dessas práticas pode contribuir significativamente para a formação de profissionais mais conscientes e preparados para atuar em um cenário de crescente complexidade e exigência na área da saúde.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.