As feridas crônicas constituem um problema relevante de saúde pública, frequentemente associadas a doenças crônicas como diabetes mellitus, hipertensão arterial e insuficiência venosa. A complexidade clínica dessas lesões demanda acompanhamento especializado e multiprofissional, porém o acesso a centros de referência nem sempre é viável para todos os pacientes. Nesse contexto, a teleconsulta se apresenta como uma estratégia inovadora de integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e serviços especializados, permitindo suporte clínico remoto, redução de deslocamentos e maior resolutividade no cuidado. Entretanto, observa-se a necessidade de padronizar instrumentos que auxiliem os profissionais da APS na identificação e descrição das características das lesões, a fim de subsidiar decisões terapêuticas adequadas pelo serviço especializado. Relatar a experiência do uso da teleconsulta como ferramenta de apoio à APS no manejo de pessoas com feridas crônicas, ressaltando a importância da padronização de instrumentos para qualificar a comunicação entre os níveis de atenção.Trata-se de um relato de experiência desenvolvido em um serviço especializado em feridas, no qual a teleconsulta foi utilizada para apoiar equipes da APS no acompanhamento de pacientes com doenças crônicas e lesões de difícil cicatrização. As informações foram sistematizadas a partir do acompanhamento das demandas encaminhadas, da análise das descrições de lesões enviadas pela APS e da devolutiva fornecida pelos especialistas quanto às condutas terapêuticas recomendadas. Verificou-se que a teleconsulta contribuiu significativamente para a resolutividade da APS, permitindo maior agilidade na definição de condutas e no manejo clínico das feridas. Contudo, identificou-se uma limitação recorrente na forma como as lesões eram descritas pelos profissionais da APS, dificultando a avaliação precisa pelos especialistas. A ausência de padronização nos registros resultava em inconsistências quanto ao tipo de ferida, extensão, profundidade, presença de exsudato e sinais de infecção. Essa lacuna reforçou a necessidade de elaborar um instrumento padronizado para caracterização das lesões, que possibilite maior objetividade e facilite a tomada de decisão clínica. A experiência evidencia que a teleconsulta é uma ferramenta de apoio eficaz à APS no cuidado de pacientes com feridas crônicas, promovendo integração entre os serviços e ampliando o acesso a condutas especializadas. No entanto, para otimizar sua aplicabilidade, é imprescindível a construção e implementação de instrumentos padronizados de avaliação das lesões, aliados à capacitação dos profissionais da APS. Essa medida favorece a comunicação entre os níveis de atenção, aprimora a segurança clínica e contribui para a qualificação do cuidado prestado à pessoa com doenças crônicas e feridas complexas.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.