A territorialização representa um dos eixos centrais da Atenção Primária à Saúde (APS), pois possibilita a aproximação entre gestão, equipes e comunidade, fortalecendo o planejamento das ações e a equidade na organização dos serviços. No entanto, a constante expansão urbana e as transformações demográficas impõem o desafio de manter os territórios atualizados, assegurando que a Estratégia Saúde da Família (ESF) atue de forma eficaz e orientada pelas necessidades da população. No município de Itajaí (SC), esse contexto motivou a execução de um projeto de intervenção no âmbito do estágio supervisionado em saúde coletiva, direcionado à revisão e atualização da representação geoespacial de duas regionais da Rede ESF. Relatar os impactos do estágio supervisionado no processo de atualização geoespacial das regionais 01 e 03 da ESF de Itajaí, destacando contribuições para a gestão em saúde e para o processo formativo dos estudantes. Trata-se de um relato de experiência descritivo e qualitativo, desenvolvido entre agosto e setembro de 2025, no âmbito do estágio supervisionado em saúde coletiva. O trabalho foi realizado em parceria com a Diretoria de Saúde e coordenação da ESF do município, envolvendo consultas bibliográficas, análise de dados fornecidos pela gestão municipal e utilização do software Google Earth para revisão das áreas de abrangência. O processo metodológico incluiu: verificação de limites territoriais previamente estabelecidos, identificação de inconsistências nos mapas, rodas de conversa com equipes da ESF e validação das atualizações com o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). O estágio supervisionado possibilitou a construção de uma representação cartográfica mais precisa das microáreas das regionais estudadas, tornando-as mais adequadas à realidade populacional. A participação dos ACS revelou-se estratégica, pois seu conhecimento empírico sobre famílias e comunidades contribuiu para corrigir inconsistências e ajustar fronteiras. Entre os impactos observados, destacam-se: maior clareza na definição das áreas de abrangência, fortalecimento da integração entre universidade e serviço de saúde, além do reconhecimento da territorialização como ferramenta fundamental de gestão. Para os estudantes, a experiência proporcionou aprendizado prático no uso de ferramentas tecnológicas aplicadas à saúde coletiva, ampliou a compreensão sobre o papel da APS na organização do sistema e desenvolveu competências voltadas à análise crítica, planejamento e gestão. A atualização geoespacial realizada no contexto do estágio supervisionado demonstrou impactos significativos tanto para a rede de serviços quanto para a formação acadêmica. Do ponto de vista assistencial, os mapas atualizados contribuem para o aprimoramento do planejamento territorial, a equidade na distribuição de recursos e o fortalecimento do processo de trabalho das equipes da ESF. No âmbito formativo, a vivência possibilitou a integração teoria-prática, a valorização da participação social e o uso crítico de tecnologias digitais no cuidado em saúde. Assim, o relato reforça que a territorialização, quando conduzida de forma colaborativa, constitui um instrumento potente de gestão e uma experiência pedagógica transformadora, alinhada aos princípios do Sistema Único de Saúde.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.