A territorialização constitui um eixo estratégico da Atenção Primária à Saúde (APS), uma vez que organiza o processo de trabalho das equipes e permite que os serviços sejam planejados conforme o perfil demográfico, epidemiológico e social da população. Essa ferramenta orienta a distribuição dos recursos, promove a equidade e possibilita maior efetividade das ações de cuidado. Em municípios litorâneos, como Itajaí (SC), observa-se um crescimento populacional acelerado, intensificado pela expansão urbana, atividades portuárias, turismo e migração, o que impacta diretamente a rede de serviços de saúde. Entre 2010 e 2022, a população local passou de 183.373 para 264.054 habitantes, com projeção de atingir 294.850 em 2025, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse aumento, aliado à elevada densidade demográfica, impõe desafios à Estratégia Saúde da Família (ESF), que se constitui como principal dispositivo da APS no Brasil. Nesse contexto, avaliar a adequação e a expansão das equipes de saúde em relação à dinâmica demográfica torna-se essencial para assegurar cobertura eficiente, equidade no acesso e sustentabilidade do sistema. Esse estudo tem como objetivo avaliar a adequação das equipes de ESF em Itajaí (SC) frente ao crescimento populacional, identificando a necessidade de redistribuição territorial e de ampliação do número de equipes. Trata-se de um estudo descritivo-analítico, de caráter documental, fundamentado em dados secundários. Utilizaram-se informações do Censo Demográfico 2022, projeções populacionais oficiais do IBGE para 2025 e os parâmetros preconizados pelo Ministério da Saúde para cobertura por equipe de ESF, que varia de 2.000 a 3.500 habitantes por equipe. A análise foi realizada em duas etapas: inicialmente, calculou-se a taxa de adequação populacional considerando a população total e o número atual de equipes implantadas. Posteriormente, estimou-se o quantitativo ideal de equipes necessário para suprir a demanda prevista para 2025. A comparação entre o número existente e o número ideal permitiu identificar o déficit de cobertura, bem como projetar estratégias de expansão progressiva. Os resultados revelaram que atualmente, Itajaí conta com 77 equipes de ESF distribuídas entre áreas urbanas e periurbanas. Com base na projeção populacional de 294.850 habitantes para 2025, estimou-se a necessidade de aproximadamente 84 equipes para garantir cobertura dentro dos parâmetros ministeriais. Esse cenário evidencia um déficit de sete equipes, o que reforça a sobrecarga de algumas unidades já existentes. Em resposta a essa demanda, a gestão municipal iniciou processo de ampliação gradual da rede, com a implantação de duas novas equipes e a organização de outras três, em fase de estruturação. Essa expansão progressiva representa um esforço para corrigir as desigualdades territoriais e minimizar os impactos do crescimento populacional acelerado sobre a APS. Além de ampliar o número de equipes, observa-se a necessidade de reavaliar o desenho territorial, visando melhor alocação dos recursos humanos, maior proximidade das equipes às comunidades e fortalecimento da integralidade da atenção. Portanto, concluímos que o crescimento demográfico acelerado de Itajaí (SC) evidencia a necessidade de ajustes permanentes na distribuição territorial das equipes de ESF. A expansão planejada, combinada com estratégias de gestão territorial, mostra-se fundamental para assegurar equidade no acesso, qualidade da atenção e sustentabilidade da APS em municípios com alta dinâmica populacional.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.