Este estudo teve como objetivo analisar de que maneira a abordagem integrada no ensino dos esportes de invasão pode favorecer a autonomia, a inclusão e o engajamento de estudantes do Ensino Médio nas aulas de Educação Física. Tradicionalmente, o ensino escolar dessas modalidades esportivas esteve centrado na repetição de gestos técnicos e no rendimento, o que frequentemente limitou a participação efetiva dos alunos e reduziu a dimensão crítica e social do esporte. Em contraposição a esse modelo, a investigação foi conduzida no âmbito do estágio supervisionado obrigatório e das atividades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, em uma escola pública estadual localizada no município de Itajaí, Santa Catarina, e pautou-se em uma metodologia qualitativa, descritiva, de caráter relato de experiência. Ao longo de quatorze encontros, foram propostas intervenções pedagógicas com turmas do Ensino Médio, com ênfase no futsal e no voleibol, utilizando jogos adaptados e atividades cooperativas. O planejamento incluiu tanto o ensino da lógica tática do jogo, com formações simplificadas no futsal, quanto adaptações lúdicas no voleibol, como o “vôlei de mesa” e o “vôlei sentado”, que favoreceram a participação de todos os estudantes, independentemente de seu nível técnico. As práticas pedagógicas foram fundamentadas no princípio de que a redução da complexidade técnica amplia as oportunidades de engajamento, permitindo que os alunos se envolvam ativamente na construção coletiva do conhecimento esportivo. Como estratégias metodológicas, destacaram-se o ensino entre pares, no qual estudantes mais experientes atuaram como facilitadores para os colegas, e a proposição de situações que valorizassem o protagonismo estudantil, a cooperação e o respeito às diferenças. Os registros de observação e as devolutivas pedagógicas indicaram que a vivência de jogos cooperativos e inclusivos contribuiu para o fortalecimento da autoestima, para a compreensão das dinâmicas táticas e para o desenvolvimento de competências socioemocionais, como empatia, comunicação e senso de pertencimento. Além disso, a experiência possibilitou problematizar desigualdades de gênero, estigmas relacionados ao desempenho e formas sutis de exclusão, favorecendo a construção de um ambiente mais democrático. As adaptações realizadas revelaram que o esporte, quando mediado pedagogicamente, pode se transformar em linguagem de expressão cultural e ética, indo além do simples treinamento físico. Constatou-se que a integração entre técnica e tática, aliada à valorização da diversidade e ao estímulo à cooperação, possibilitou uma aprendizagem significativa, alinhada às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular, que orienta a Educação Física a promover o desenvolvimento integral dos estudantes. O estudo evidencia, portanto, que os esportes de invasão podem assumir um papel formativo relevante no contexto escolar quando desenvolvidos de maneira crítica e inclusiva, transformando as aulas em espaços de emancipação, de convivência e de formação cidadã.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.