O aproveitamento da energia fotovoltaica em residências configura-se como alternativa eficaz para reduzir perdas na rede elétrica e custos ao consumidor, mas o descompasso entre os horários de geração solar e o perfil de consumo doméstico ainda limita a fração de autoconsumo. Este estudo buscou quantificar o impacto do deslocamento de cargas sobre esse indicador, sem a utilização de baterias de armazenamento. Para tal, foi modelado um sistema fotovoltaico residencial de 2,34 kWp, considerando nove cargas com diferentes potências médias, durações de operação e janelas de flexibilidade para acionamento ao longo do dia. A partir desse conjunto, foram simulados três cenários distintos de despacho: o Cenário 01 manteve os horários originais de operação das cargas, o Cenário 02 concentrou as operações no período noturno e o Cenário 03 realocou os equipamentos para coincidir com o platô de maior geração solar. Os resultados demonstraram que o Cenário 03 elevou o autoconsumo de 46% para 77% e reduziu em 55% a energia adquirida da rede elétrica, ao passo que o Cenário 02 aumentou em 26% a dependência em relação ao fornecimento externo. Conclui-se que ajustes simples de horário, baseados exclusivamente em janelas temporais de operação, já são capazes de promover ganhos expressivos de eficiência energética e reduzir a injeção de excedentes na rede, mostrando-se uma alternativa viável em contextos de compensação parcial de energia elétrica e contribuindo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados à energia limpa, inovação tecnológica, cidades sustentáveis e consumo responsável.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.