A presença de crianças migrantes e de segunda geração, nascidas no Brasil e inseridas nas instituições de Educação Infantil (EI), configura-se como uma realidade cada vez mais expressiva no cenário educacional brasileiro. Trata-se de um fenômeno que demanda atenção, sobretudo porque expõe tensões e desafios relacionados ao pertencimento, à ausência de políticas públicas eficazes de acolhimento e integração, bem como às práticas discriminatórias e xenofóbicas que atravessam o cotidiano escolar. Crianças oriundas de fluxos migratórios, como as haitianas, e as de segunda geração nascidas no Brasil ou que vieram muito pequenas para cá (Braga, 2019), vivenciam situações de racismo institucional e xenofobia que, ao invés de serem combatidas, muitas vezes são (re)produzidas e naturalizadas no interior das instituições educativas. A Educação Infantil, espaço que deveria primar por uma prática docente acolhedora, promotora da diversidade baseada em um currículo intercultural e antirracista, acaba por vezes invisibilizando as infâncias migrantes e negras. Os currículos, em sua maioria, permanecem alinhados a uma lógica eurocentrada, que pouco dialoga com a interculturalidade e com a diversidade de experiências e saberes presentes no cotidiano infantil, reforçando assim estruturas hierárquicas que consolidam desigualdades raciais e culturais. Como afirmam Bento (2002; 2012) e Schucman (2012), a branquitude mantém-se como norma hegemônica, não nomeada e não marcada, mas que organiza e estrutura as relações sociais, inclusive na primeira infância.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.