É crescente uso de cosméticos que contêm compostos orgânicos e inorgânicos como filtros ultravioleta (UV). Com a intensificação da radiação solar nos últimos anos, há uma tendência de que esses filtros estejam presentes em uma fração cada vez maior de produtos, a fim de prevenir efeitos nocivos causados pelos raios UV, como doenças de pele e o fotoenvelhecimento. Como resposta ao crescente consumo, houve também um incremento dos resíduos no ambiente natural, principalmente nas regiões litorâneas, onde o uso desses produtos é ainda maior. A contaminação dos filtros UV no ambiente aquático pode ser dada indiretamente, quando estes são incorporados aos efluentes domésticos, ou diretamente, no contato do usuário com a água, normalmente em atividades recreativas, como o banho de mar. Assim sendo, entende-se que as comunidades costeiras estão mais sensíveis à poluição, expostas aos contaminantes provenientes dos rios e do próprio litoral, o que motiva maior empenho das pesquisas científicas sobre impactos nessas regiões. Diante desse cenário, torna-se essencial avaliar a persistência desses compostos no ambiente e suas interações com a biota. Pesquisas apontam que filtros solares podem contribuir significativamente para a degradação de corais, comprometendo diversas espécies desde o estágio larval até a fase adulta, com alterações morfológicas, perda das zooxantelas e maior suscetibilidade a infecções virais. A poluição química, associada ao aquecimento e à acidificação dos oceanos, agrava a degradação dos recifes, reforçando a necessidade de medidas de proteção para a conservação da biodiversidade aquática Grande parte dos estudos toxicológicos voltados à avaliação dos impactos dos filtros solares tem utilizado os corais escleractíneos, formadores de recife, como organismos modelo, devido à sua relevância ecológica e à sensibilidade que apresentam diante de variações ambientais. No entanto, zoantídeos, importantes integrantes dos ambientes recifais também sujeitos ao branqueamento, são raramente investigados. Diante dessa lacuna de conhecimento, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de filtros solares sobre indivíduos do gênero Palythoa, abundantes componentes nas comunidades bentônicas no litoral sul brasileiro, a fim de investigar sua relação com eventos de branqueamento que ocorrem na região.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.