A temática deste estudo desenvolvido no sul do Brasil por uma universidade da ACAFE é a leitura crítica por meio da corpografia literária. Com esta pesquisa, busca-se ampliar o acesso dos estudantes ao texto literário, tendo em vista que a leitura é um direito humano à cultura e ela contribui para o desenvolvimento do pensamento emancipador. Entendemos que a leitura fortalece o papel da educação na construção de uma cultura política e no desenvolvimento de cidadãos com discernimento, com autonomia intelectual. Apresentamos nesta pesquisa possibilidades de exploração do texto por meio do jogo dramático, do exercício poético que encaminha o leitor a penetrar nas tessituras literárias, estabelecendo uma relação sensível com a literatura. Nosso objetivo é explorar o texto literário por meio de sensorialidades, da interação leitor e obra pela mediação corporal, a qual oportuniza a abertura das camadas de sentidos do texto e possibilita oportunidades na formação de sujeitos políticos no contexto atual. Este estudo, de caráter qualitativo, cujo método de tratamento de dados é a narrativa autobiográfica, segundo Clandini e Connelly (2011), trata das relações entre corpo e leitura do literário no espaço educacional. É um método que aproxima a aluna-pesquisadora da experiência, que exige que ela narre suas histórias e suas experiências construídas no desenrolar da pesquisa. As corpografias foram produzidas a partir de duas obras de literatura infantil: Jardim Secreto e Mergulho Profundo. A aluna-pesquisadora construiu a corpografia junto com outra bailarina, e ambas apresentaram o repertório composto na bebeteca do CEI João Vitorino, Itajaí, SC, Brasil, e em outros espaços educativos. Na primeira corpografia literária, da obra Jardim Secreto, a pesquisa corporal se deu também em conjunto com o grupo de pesquisa Cultura, Escola e Educação Criadora, sendo que a corpografia foi construída em duo e integrada à contação da história feita pelo grupo de pesquisa. Neste caso, o leitor ao mesmo tempo que apreciava a performance, escutava a história. Na segunda corpografia, da obra Mergulho Profundo, a aluna-pesquisadora e a bailarina construíram a corpografia e a apresentaram sem a verbalização do texto integral, sem a contação de histórias, mas verbalizando algumas palavras que tinham relação com a narrativa, colocando foco no arranjo poético corporal. Os instrumentos de produção de dados foram: a) narrativas da aluna-pesquisadora; b) fotos e vídeos das corpografias literárias. Esta pesquisa está alinhada aos estudos de Brito e Jacques (2012) e Neitzel, Steil e Barontini (2022). Como resultados, assinalamos que a) a corpografia literária possibilita uma mediação literária emancipadora que considera a leitura como um fazer-sentir e um fazer-pensar, como uma experiência estética que depende da abertura do leitor, de ele se estender até o texto, mas também da obra (que necessita ser plural e aberta) e do mediador que demanda ser não um explicador, mas emancipador; b) a corpografia literária é um exercício poético que parte do texto verbal e extrapola esta materialidade para traduzir o texto com o corpo, movimento que se constitui pelas sensorialidades que emergem na interação do leitor com a obra, ampliando as camadas de sentidos do texto; c) a leitura do literário pode promover a educação estética quando o leitor é colocado em uma situação de leitura provocativa e sensível, instigado a entrar no texto pela contemplação e reflexão, movimento que a corpografia literária pode promover.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.