O trabalho investiga de que maneira a responsabilidade social do destino reconfigura a relação entre residentes e turismo em contextos de turistificação, com foco na formação da intenção de deixar a cidade. Partindo do problema de pesquisa que aponta lacunas na articulação entre práticas institucionais de transparência, participação e responsividade e os resultados percebidos pela comunidade, o estudo especifica um modelo no qual a responsabilidade social do destino fortalece o empoderamento comunitário nas dimensões psicológica, social e política; o empoderamento, por sua vez, molda avaliações de benefícios e custos do turismo; e essas avaliações se associam à intenção de saída. Adota-se abordagem quantitativa baseada em survey com residentes, com procedimento analítico por modelagem de equações estruturais variância-baseada, precedida por validações psicométricas de confiabilidade e validade convergente e discriminante. Os resultados indicam que a responsabilidade social do destino opera como mecanismo institucional que amplia voz, confiança procedimental e agência coletiva, refletindo maior capacidade de participação informada nos assuntos do destino. O empoderamento psicológico relaciona-se principalmente ao aumento de benefícios percebidos, ao passo que o empoderamento político, além de sustentar benefícios, intensifica a sensibilidade a custos e a vigilância cívica sobre externalidades urbanas, como pressões sobre moradia, mobilidade e serviços públicos. Na etapa comportamental, a intenção de saída apresenta associação mais forte com custos do que com benefícios, revelando assimetria entre perdas e ganhos percebidos em ambientes de elevada exposição turística. As evidências contribuem teoricamente ao integrar responsabilidade social do destino, empoderamento e avaliação de trocas sociais em uma explicação mecanicista das atitudes dos residentes, diferenciando funções das dimensões de empoderamento e apontando caminhos para análises de mediação e moderação por estágio do destino, confiança institucional e intensidade do uso turístico. Em termos práticos, os achados sustentam a necessidade de políticas que institucionalizem canais de participação com poder decisório, ampliem a transparência por meio de dados abertos e implantem instrumentos de mitigação territorializada das externalidades, condição para preservar a licença social para operar e reduzir a propensão à saída de residentes em territórios sob pressão do turismo.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.