De acordo com o Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC) e as Nações Unidas, mudanças climáticas são um dos principais desafios no Século 21, e um dos maiores obstáculos para obtenção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Segundo dados do United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), uma mudança climática é toda aquela que interfere direta ou indiretamente nas atividades humanas, geradas por alterações da composição da atmosfera global e dos recursos naturais em comparação a outros períodos do tempo. Inclui-se, desmatamento, urbanização descontrolada, alto consumo, eliminação descontrolada de resíduos e queima de combustíveis fósseis, como fatores desencadeantes das mudanças climáticas atuais (1). Tais ocorrências, acentuam problemas relacionados à saúde global, como a incidência de doenças respiratórias causadas por dispersões de dióxido de carbono (CO²), precipitações torrenciais, insegurança alimentar e entre outros agravos não visíveis, assim como o adoecimento psicossocial de populações atingidas pelas mudanças do clima. Adicionalmente, estas incidências levam a sobrecarga dos sistemas de atenção à saúde, intensificando esta problemática (2). Neste cenário, a saúde global demanda de abordagens interprofissionais que provam a colaboração entre estudantes e profissionais de distintas áreas de formação, preparando-os para atuar diante de crises populacionais complexas. O IP LINC (Interprofessional Learning in Climate and Health) surge como uma iniciativa inovadora que articula ensino, pesquisa e prática colaborativa em saúde, com foco na associação entre clima e bem-estar populacional. Por meio de atividades desenvolvidas em caráter internacional e interdisciplinar, o programa buscou fortalecer competências acadêmicas e profissionais, voltadas à sustentabilidade, equidade e enfrentamento dos desafios em saúde global. O presente estudo tem como objetivo relatar a experiência vivenciada durante a participação projeto internacional, desenvolvido pelo programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho, denominado IP LINC, evidenciando os aprendizados decorrentes das atividades interprofissionais realizadas e sua relevância para a formação acadêmica em saúde. Trata-se de um relato de experiência, fundamentado na observação participante ao longo de uma semana de atividades o segundo semestre de 2025. As ações compreenderam encontros presenciais, debates em grupo, análise de casos e pesquisa científica relacionados aos impactos climáticos na saúde populacional, além da elaboração coletiva de propostas de intervenções de cenários climáticos na saúde populacional, além de elaboração coletiva de propostas de intervenções para cenários globais e locais. A dinâmica metodológica, baseou-se na participação de professores, profissionais e estudantes de diferentes cursos da área da saúde, entre eles enfermeiros, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas. Tais ações foram mediadas por professores da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Western Norway University of Applied Sciences (HVL) e University of New England (UNE). Os resultados obtidos foram positivos, visto que, o trabalho colaborativo na compreensão dos efeitos das mudanças climáticas sobre saúde, é extremamente necessário e relevante, especialmente na construção acadêmica de futuros profissionais de saúde. A vivência demonstra ganhos na ampliação do pensamento crítico, no reconhecimento da interdependência entre fatores ambientais e condições clínicas, e no fortalecimento de habilidades de comunicação interprofissional e cultural. As discussões permitiram identificar desafios comuns a diversos contextos, como a vulnerabilidade de grupos específicos e a necessidade de efetivação de políticas públicas voltada à práticas sustentáveis. Conclui-se que a participação no IP LINC contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento de competências interprofissionais voltadas ao enfrentamento das mudanças climáticas na perspectiva da saúde global. A vivência proporcionou não apenas a integração entre saberes, mas também a sensibilização para o papel social de futuros profissionais de saúde na promoção da equidade e sustentabilidade. Tais experiências reforçam a relevância da educação interprofissional global, como estratégia formativa que apontam caminhos para a construção de sistemas de saúde mais resilientes e preparados frente às crises climáticas.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.