A territorialização é um dos pilares fundamentais para a organização e efetividade da Atenção Primária à Saúde (APS), pois possibilita o conhecimento aprofundado da realidade local e a organização das ações em saúde a partir das necessidades da população. No âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF), mapas territoriais atualizados são instrumentos estratégicos para a gestão e planejamento, já que subsidiam a alocação de recursos, a identificação de vulnerabilidades e a definição de prioridades de intervenção. Contudo, observa-se que, em muitas realidades, os mapas geoespaciais encontram-se desatualizados, comprometendo a qualidade das informações disponíveis e, consequentemente, a eficiência da gestão em saúde. Diante desse contexto, a atualização, padronização e integração da representação geoespacial em Itajaí torna-se uma necessidade premente, tanto para a gestão quanto para a prática das equipes de saúde. Atualizar, padronizar e integrar a representação geoespacial de duas regionais da Rede ESF de Itajaí e das respectivas regionais de saúde, de modo a subsidiar a gestão e fortalecer o processo de territorialização na APS. Trata-se de um relato de experiência desenvolvido durante o estágio supervisionado em saúde coletiva. As atividades foram conduzidas em duas regionais da Rede ESF de Itajaí, envolvendo as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e suas microáreas. O processo metodológico incluiu: (1) levantamento bibliográfico sobre territorialização em saúde e sua relevância para a gestão da APS; (2) diagnóstico situacional para identificação das fragilidades decorrentes da desatualização dos mapas; (3) realização de rodas de conversa com as equipes de ESF das regionais selecionadas, para levantamento de demandas e discussão coletiva sobre os territórios; (4) atualização dos mapas geoespaciais, incorporando os dados coletados em campo e as contribuições das equipes; (5) padronização da representação cartográfica, visando integrar os mapas territoriais às necessidades da rede municipal de saúde. A experiência possibilitou a construção de mapas geoespaciais atualizados e padronizados, que passaram a refletir com maior fidedignidade a realidade territorial das duas regionais de saúde estudadas. As rodas de conversa permitiram identificar fragilidades relevantes, como microáreas desatualizadas, limites territoriais pouco claros e ausência de registro de novos equipamentos comunitários. A integração das contribuições das equipes favoreceu a adequação dos mapas às práticas de cuidado cotidianas e fortaleceu o vínculo entre profissionais e território. Ademais, observou-se maior apropriação por parte das equipes quanto à importância da territorialização como ferramenta de planejamento, além da identificação da necessidade de dar continuidade ao processo nas demais regionais da rede. A atualização geoespacial das regionais estudadas mostrou-se uma ação estratégica para fortalecer a gestão em saúde, melhorar o planejamento territorial e qualificar o trabalho das equipes da ESF. A experiência evidenciou que a participação ativa dos profissionais nas rodas de conversa potencializou a construção coletiva dos mapas, conferindo maior legitimidade e aplicabilidade ao processo. Recomenda-se que a iniciativa seja expandida para as demais regionais de saúde do município, consolidando a territorialização como prática contínua, integrada e essencial para a APS.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.