O vôlei de praia nasce como uma pratica de lazer restrita as camadas da elite na década de 1920 na Califórnia, Estados Unidos. Ao passar dos anos com o seu desenvolvimento e expansão a modalidade ganha popularidade em outros países, inclusive no Brasil, país no qual a modalidade teve a oportunidade de se fortalecer e ganhar espaço no cenário Olímpico. O vôlei de praia é uma das modalidades que mais chama atenção pela sua relação direta com a exposição corporal dos atletas. Sendo seus uniformes, historicamente padronizados com o intuito de reforçar uma estética visual que coloca em foco a exibição do corpo, especialmente o feminino. Constatando que a produção científica a cerca da modalidade não acompanha a crescente expansão da pratica, o reconhecimento do país no cenário Olímpico e muito menos reflete sobre as representações e escolhas de uniformes das mulheres na modalidade, o objetivo deste trabalho foi analisar as representações dos corpos e das escolhas de uniformes na modalidade de vôlei de praia nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. O presente trabalho se trata de uma pesquisa de natureza qualitativa com enfoque exploratório, cujo objetivo é investigar aspectos estruturais, simbólicos da modalidade de vôlei de praia, a partir da análise de imagens e documentos oficiais disponibilizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). A coleta de dados foi realizada através de fontes documentais com ênfase em materiais oficiais, como regulamentos e manuais técnicos, em paralelo foram analisadas 03 imagens de jogos disputados nas Olimpíadas de Paris 2024, sendo a analise dos dados conduzida por uma abordagem interpretativa. Dos resultados encontrados, o regulamento dos uniformes da modalidade é definido pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB), este regulamento veio sofrendo alterações durante os anos sobretudo em relação ao uniforme feminino. Levando em consideração que historicamente as jogadoras eram obrigadas a utilizar biquínis de corte reduzidos enquanto os homens jogavam com camisetas e bermudas largas, sinalizando uma grande diferença na exposição corporal entre homens e mulheres. Essas exigências geraram debates intensos sobre a sexualização do corpo feminino, liberdade de escolha e respeito à diversidade cultural e religiosa. Para responder as criticas a FIVB atualiza seu regulamento em 2012, flexibilizando e dando outras poucas possibilidades de escolhas. Atualmente o regulamento permite que cada dupla escolha o tipo de uniforme, desde que esteja dentro das normas estabelecidas no regulamento, ampliando o acesso e a representatividade de mulheres de diferentes origens na modalidade, desafiando a ideia de que existe um único corpo ideal para o esporte. Por mais que haja a flexibilização no regulamento muitas atletas relatam que mesmo com alternativas se sentem pressionadas de forma implícita pelos patrocinadores, pela mídia e da tradição da modalidade em relação ao uso de uniformes. Revelando que existe uma disputa entre as normas institucionais, performance esportiva e expressão individual. Tratando da participação feminina no esporte é comum que aparecem discursos que associam a presença da mulher à busca por um corpo considerado belo, moldado por padrões estéticos hegemônico. A mídia nesse contexto ao reforçar esses discursos, prioriza a aparência da atelta em detrimento ao seu desempenho esportivo. Essa valorização da estética contribuí para uma objetificação e hipersexualização do corpo feminino no esporte. Concluindo, os resultados evidenciam que os Jogos Olímpicos de Paris 2024 se configuram como um espaço de disputas simbólicas em torno da aparência, do corpo e da autonomia dos sujeitos atletas, revelando contradições e avanços em relação à liberdade de escolha e à diversidade corporal no cenário esportivo internacional. O estudo parte da compreensão de que os corpos no esporte não são apenas objetos de desempenho físico, mas também de construção simbólica, política e cultural.
Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.