• Resumo

    Síntese e avaliação de derivados da naringenina com potencial terapêutico na aterosclerose

    Data de publicação: 05/12/2025

    A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica multifatorial caracterizada pelo acúmulo de lipídios, células inflamatórias e matriz extracelular nas paredes arteriais, levando à formação de placas ateromatosas e à disfunção endotelial. Esse processo é a principal causa de eventos cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, representando uma das principais causas de mortalidade global (JIA et al., 2025; DU et al., 2020). O desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para a prevenção e o tratamento da aterosclerose tem se tornado uma prioridade em saúde pública. Nesse contexto, compostos bioativos de origem natural, especialmente os flavonoides, vêm ganhando destaque pela sua capacidade de modular mecanismos celulares envolvidos na progressão da doença, como a inflamação, o estresse oxidativo, a disfunção endotelial e o metabolismo lipídico (BARRECA et al., 2017; WANG et al., 2023). A naringenina, uma flavanona amplamente encontrada em frutas cítricas como toranjas, laranjas e limões, tem sido extensivamente investigada por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, hipolipemiantes e antiateroscleróticas (ZHANG et al., 2022). Estudos demonstram que essa molécula é capaz de regular positivamente transportadores de efluxo de colesterol, como ABCA1, além de ativar vias associadas à autofagia e à longevidade celular, como a deacetilase SIRT1, reduzindo a senescência vascular (WANG et al., 2023). Entre as possíveis abordagens sintéticas, a substituição das hidroxilas fenólicas da naringenina por grupos benzílicos vem sendo explorada como forma de aumentar sua lipofilicidade, favorecer o transporte transmembrana e ampliar seu tempo de meia-vida no organismo (CECHINEL FILHO, YUNES, 1998). A escolha da benzilação como estratégia para a modificação da naringenina foi fundamentada em sua simplicidade, eficiência e capacidade de introduzir grupos lipofílicos sem comprometer excessivamente a solubilidade aquosa, aspectos fundamentais para o desenvolvimento de derivados com melhor absorção e perfil farmacocinético. Estudos prévios com naringenina e flavonoides relacionados descrevem diferentes abordagens sintéticas, como acilações com ácidos graxos, O-alquilação e preparação de derivados estruturais diversos, que visam melhorar a atividade biológica e a biodisponibilidade (Xue et al., 2015; KHDERA et al., 2022) Comparado a essas metodologias, a benzilação apresenta vantagens específicas, incluindo controle estérico sobre a mono- ou dissubstituição, tempos de reação relativamente curtos e condições menos rigorosas, enquanto as rotas com acilação podem demandar múltiplas etapas e comprometer a solubilidade, e a O-alquilação pode afetar a hidrofilicidade do composto. Neste cenário, o presente trabalho tem como objetivo a síntese de derivados benzílicos da naringenina, bem como a avaliação de suas propriedades in silico, físico-químicas e farmacocinéticas, visando selecionar os compostos mais promissores para futuras etapas de avaliação biológica no contexto da aterosclerose.

Anais do Seminário de Iniciação Científica da Universidade do Vale do Itajaí

Esta publicação expõe uma parte considerável do que é feito anualmente em pesquisa na UNIVALI e por meio da qual esperamos compartilhar os conhecimentos aqui produzidos, possibilitando a comunicação entre os pesquisadores de nossa e de outras instituições.

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