As praias arenosas apresentam na sua porção superior uma faixa de detritos depositados pela ação de ondas e marés, conhecida como “linha de deriva” ou “linha de detrito”. Esta é habitada por anfipodos talitrideos e insetos, estes com escassos estudos, particularmente coleópteros da família Staphylinidae. Estes podem ser considerados importantes bio-indicadores da saúde do ecossistema praial, por serem sensíveis às variações ambientais. No Brasil, destacam-se as espécies do gênero Bledius Leach, 1819. No litoral sul do Brasil, três espécies são reportadas: Bledius bonariensis, B. fernandezi e B. hemani. Assim, objetivou-se a realização de um levantamento sobre o padrão de ocorrência das espécies do gênero Bledius em 12 praias do litoral paranaense, e sua possível relação com as características sedimentológicas e morfodinâmicas do ambiente praial. Para isto foi realizada uma análise de correspondência canônica. B. hermani foi a espécie mais abundante e frequente, presente em dez das 12 praias estudadas. Em apenas uma praia foi registrada a co-ocorrência das três espécies, isto sugere a existência de competição entre as três espécies. Aparentemente, B. fernandezi apresentou uma correlação positiva comas características morfodinâmicas e sedimentológicas. Por outro lado, B. hermani foi dominante em praias com areias mais grossas e morfodinamismos intermediários para refletivos. B. bonariensis apresentou maiores densidades em praias com características dissipativas próximas a desembocadura da Baía de Paranaguá. As elevadas densidades de Bledius registradas nas praias de Superagui, localizada em um parque nacional, sugerem que o grupo pode ser afetado por interferências antrópicas.