A PESCA DE LULAS (Mollusca: Cephalopoda) NA ILHA DO ARVOREDO (SC): CARACTERÍSTICAS E RELAÇÕES ECOLÓGICAS, VERÃO DE 1996
Data de publicação: 07/10/2006
Durante os meses de verão é marcada a presença de densas concentrações de lulas costeiras (Loligo piei) sobre a plataforma continental catarinense. Estas populações fern sustentado capturas industriais da ordem de 144 a 763 t por ano, e também deram origem â uma pescaria artesanal direcionada â esta espécie em torno das ilhas costeiras. Este estudo investiga as características dessa pescaria em torno da Ilha do Arvoredo (48°22'W; 27°17'S) e analisa a estrutura populacional das capturas bem como a dinâmica destas em relação aos fatores ambien¬tais. Entre janeiro e março de 1996 foi estabelecido um sistema de monitoramento dos desembar¬ques nas comunidades do Município de Governador Celso Ramos onde, através de entrevistas, foram obtidos dados das embarcações, artes e áreas de pesca, captura e esforço. Da mesma forma também foram realizadas 4 campanhas diurnas e uma noturna ao Saco do Capim (Ilha do Arvoredo) onde monitorou-se a captura por hora, direção e velocidade de corrente, e estrutura térmica da coluna de água. Amostras biológicas foram obtidas tanto das capturas comerciais quanto das capturas obtidas durante as campanhas ao Saco do Capim. A pesca ocorre em "bateiras" e 'botes" que variam de 8 a 11 m de comprimento, dotados de motores de 9 a 24 HP de potência e tripulados por 2 a 4 pescadores. A captura se dá através de linhas de mão com "zangarilhos" (tipo de garatéia de chumbo não iscada) e cada pescador opera de 2 a 4 linhas. Essas embarcações atuam preferencialmente no Saco do Capim em profundidades de 10 a 20 m. As viagens duram em media 33h (±12,4 DP) com atividade pesqueira ocorrendo tanto durante o dia, quando as capturas ocorrem no fundo, quanto â noite, quando utiliza-se atração luminosa para a pesca em superfície. O rendimento e a captura por unidade de esforço médios foram de 49,6 Kg por viagem (±56,4 DP, n =35) e 0,56 Kg.pescador- 1 .hora-1 (±0,71 DP) respectivamente. A dinâmica das capturas mostrou picos marcados em função principalmente de flutuações temporais nas concentrações de lula. Capturas durante as campanhas ocorreram: (a) tanto em condições de coluna de água homogênea como estratificada, (b) em temperaturas entre 18 e 26° C, e (c) quando as camadas sub-superficiais de água no Saco do Capim fluiam para SW. A maioria dos machos e fêmeas capturados encontravam-se em estágios avançados de maturação gonadal.