Introdução: Considerando que o câncer de mama traz impactos tanto ao paciente quanto à sua rede de relacionamentos, a qualidade das relações afetivo-amorosas ganha relevância no processo diagnóstico e tratamento. Assim, o cuidado com a saúde psicológica do parceiro se apresenta como um meio de melhoria da saúde da paciente, pois a partir da descoberta da doença, iniciam-se mudanças no estilo de vida, nas relações sociais e nas relações afetivo-sexuais. Objetivo: Analisar o impacto dos relacionamentos afetivo-amorosos no tratamento de mulheres com câncer de mama, a partir das representações simbólicas do casal. Metodologia: O estudo constituiu-se como exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa. A amostra foi composta por oito casais, totalizando 16 participantes com idade mínima de 40 anos, cujas parceiras estavam em tratamento ou acompanhamento oncológico há no mínimo um ano. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada, escala de qualidade do relacionamento, atividade expressivo-gráfica e um quadro de associação de palavras. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, a partir de categorias temáticas definidas a posteriori, utilizando-se como referencial teórico a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung. Resultados: Diante da revelação diagnóstica, a reação das mulheres foi de choque, acompanhada de reações emocionais intensas e pensamentos relacionados à morte, apontando a presença do companheiro como essencial no processo de tratamento. Cinco dos oito parceiros relataram as mesmas reações afetivas e cognitivas vivenciadas por suas parceiras diante da revelação diagnóstica; e outros três assumiram o papel de apoio. A maioria das mulheres relataram dificuldades relacionadas à cirurgia, em virtude das limitações físicas e transformações no corpo. A participação ativa do parceiro no processo de tratamento foi a variável com maior impacto no enfrentamento da doença, sendo apontada por sete das oito mulheres. Também citaram como estratégias de enfrentamento Deus/fé, a família, o pensamento positivo e a ressignificação de valores, com tendência a ver a doença como um propósito, contribuindo para a ressignificação tanto da vida como dos relacionamentos. A qualidade do relacionamento afetivo-amoroso melhorou significativamente após o diagnóstico, na percepção dos casais, principalmente para os homens. Os fatores associados foram a união e proximidade durante o tratamento, maior tempo de dedicação à relação e mudança de prioridades na relação. Conclusões: Evidenciou-se que o diagnóstico de câncer de mama, em sua maioria, fortaleceu a relação do casal; e o apoio do parceiro trouxe impacto positivo nos resultados do tratamento, constituindo-se como necessário ao bem-estar e à capacidade de enfrentamento do câncer de mama.

Palavras-chave: Câncer de mama. Relacionamento afetivo-amoroso. Representações simbólicas. Psicologia analítica.