• Resumo

    Arquitetura estratigráfica e sucessão faciológica da barreira costeira associada à planície do rio Yaya, Santa Cruz Cabrália – Bahia

    Data de publicação: 19/08/2025

    Localizado em Santa Cruz Cabrália (BA), o rio Yaya atravessa depósitos da Formação Barreiras e um paleoestuário pertencente ao sistema ilha-barreira quaternário. Em abril/2023, após intensas chuvas, a barreira arenosa que direciona seu fluxo para a desembocadura se rompeu, formando um canal de 50m de largura, expondo uma trincheira de 34m de comprimento e 6m de altitude. No contexto de enfrentamento à crise climática, conhecer registros geológicos e a evolução paleoambiental favorece o entendimento dos processos naturais para enfrentamento de eventos extremos. A trincheira foi observada em campo, fotografada e amostrada. Foram realizadas análises granulométricas (peneiramento) e cronoestratigráficas nos sedimentos (LOE). A partir do mapeamento de campo e interpretação estratigráfica, foram identificadas duas unidades deposicionais e suas superfícies. A primeira unidade, U1, abrange da base da trincheira até cerca ~2,5m de altura e se distribui lateralmente até 11m. Composta por areias levemente cascalhosas brancas bimodais, pobremente selecionada com distribuição simétrica, semelhante às areias do atual canal. Apresenta camadas em downlap e canalizações onduladas paralelamente. Recobrindo a U1, a U2, possui 5m de altura e 34m de comprimento, apresenta areias médias a grossas unimodais intercaladas por estratos ricos em minerais pesados (MP), bem selecionadas com assimetria negativa, semelhantes ao sedimento da face praial. A U2 apresenta estratos oblíquos em downlap limitados por superfícies erosivas ricas em MP. Ocorrem estratos truncados por um canal de 1,5m de profundidade e 3m de largura, preenchido por estratificação plano-paralela e ondulada em onlap com canalizações menores. Na porção superior da U2, predominam areias levemente cascalhosas, com estratificações paralelas quase planas; em seu topo encontram-se areias finas, representando a superfície ativa do pós-praia. A sucessão faciológica apontou uma granodecrescência ascendente, indicando transição ambiental de um ambiente fluvial, para um ambiente costeiro, com canalizações praiais, marcada por um período erosivo muito expressivo entre 3.360±350 e 2.550±245 anos. 

  • Referências

    ANA C.S. ANDRADE1,2, JOSÉ M.L. DOMINGUEZ2, LOUIS MARTIN3

    and ABÍLIO C.S.P. BITTENCOURT2 Quaternary evolution of the Caravelas strandplain - Southern Bahia State –Brazil

    Angulo, R. J.; Lessa, G. C.; Souza, M. C. A critical review of mid- to late-Holocene sea-level fluctuations on the eastern Brazilian coastline. Quaternary Science Reviews, v. 25. p. 486- 506, 2006.

    Angulo, R.J.; Lessa, G.C. The Brazilian sea-level curves: a critical review with emphasis on the curves from the Paranaguá and Cananéa regions. Marine Geology, v. 140, p. 141-166, 1997.

    Catuneanu, O. Principles of Sequence Stratigraphy. Amsterdam: Elsevier, 2006. 375 p.

    Catuneanu, O. Sequence stratigraphy of clastic systems: concepts, merits, and pitfalls. Journal of African Earth Sciences, v. 35, p. 1–43, 2002.

    Dougherty, A.J.; FitzGerald, D.M.; Buynevich, I.V. Evidence for storm-dominated early progradation of Castle Neck barrier, Massachusetts, USA. Marine Geology, v. 210, p. 123–

    , 2004.

    Hedberg Research Conference on Sequence Stratigraphic and Allostratigraphic Principles and Concepts, Dallas, August 2629, Program and Abstracts Volume, pp. 2829, 2001. Galloway, W.E.; Hobday, D.K., 1983.

    Kinsela, M.A.; Daleya, M.J.A; Cowell, P.J. Origins of Holocene coastal strandplains in Southeast Australia: Shoreface sand supply driven by disequilibrium morphology. Marine Geology, v. 374, p. 14–30, 2016.

    MARTIN, Louis. Neotectonzic h4ovcments on a Passive Continental Margin: Salvador Region, Brazil. 1986.

    Martin L, Dominguez JML and Bittencourt ACSP. 2002. Fluctuating Holocene sea-levels in Eastern and Southeastern Brazil: evidence from multiple fossil and geometric indicators. West Palm Beach – USA, J Coastal Res v. 18.

    Mitchum Jr.; R.M.; Vail, P.R. Seismic stratigraphy and global changes of sea-level. Part 7: stratigraphic interpretation of seismic reflection patterns in depositional sequences. In: Payton, C.E. (Ed.) Seismic Stratigraphy–Applications to Hydrocarbon Exploration. AAPG Memoir, v. 26, p. 135–144, 1977.

    Mitchum, R.M.; Vail, P.R.; Sangree, J.B. Stratigraphic interpretation of seismic reflection patterns in depositional sequences. In: Payton, C.E. (Ed.) Seismic Stratigraphy—Applications to Hydrocarbon Exploration. AAPG Memoir , v.16, p. 117– 123, 1977.

    Murray, A.; Wintle, A.G. Luminescence dating of quartz using an improved single-aliquot regenerative-dose protocol. Radiation Measurements, v. 32, p. 57-73, 2000.

    Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Santa Cruz Cabrália (PMMA, 2016) disponível em: <https://www.gamba.org.br/wp-content/uploads/2016/06/PMMA_St-Cruz-Cabralia_vers%C3%A3o-digital.pdf>.

    Seminack, C.T.; Buynevich, I.V. Sedimentological and geophysical signatures of a relict tidal inlet complex along a wave-dominated barrier: Assateague island, Maryland, U.S.A. Journal of sedimentary research, v. 83, p. 132–144, 2013. Doi: 10.2110/jsr.2013.10.

    SILVA, Iracema Reimão. Praias da Costa do Descobrimento: uma contribuição para a gestão ambiental. 2017.

    SUGUÍO, Kenitiro et al. Flutuações do nível relativo do mar durante o Quaternário Superior ao longo do litoral brasileiro e suas implicações na sedimentação costeira. Revista brasileira de Geociências, v. 15, n. 4, p. 273-86, 1985.

    Timmons, E.A.; Rodriguez, A.B.; Mattheus, C.R.; Dewitt, R. Transition of a regressive to a transgressive barrier island due to back-barrier erosion, increased storminess, and low sediment supply: Bogue Banks, North Carolina, USA. Marine Geology, v. 278, p. 100–114, 2010.

    Wintle, A.G.; Murray, A.S. A review of quartz optically stimulated luminescence characteristics and their relevance in single-aliquot regeneration dating protocols. Radiation Measurements, v. 41, p. 369–391, 2006.

Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology

Ciências Ambientais, Ambientes Aquáticos e Costeiros. 

BJAST adota a política de publicação contínua de artigos. Assim, sempre que um manuscrito for aprovado para publicação, estará imediatamente disponível para leitura. 

 

Access journal