A presente pesquisa investiga a herança digital e seus impactos no direito à privacidade do falecido. Examina-se como os direitos dos herdeiros se confrontam com os direitos de privacidade do de cujus, destacando a falta de regulamentação específica no ordenamento jurídico brasileiro. Nesse sentido, tem-se como objetivo geral responder ao seguinte questionamento: a ausência legislativa em relação à herança digital significa, necessariamente, a violação do direito à privacidade? Como objetivos específicos, tem-se: a) conceituar direito à privacidade bem como analisar o direito à privacidade pos morten; b) analisar o direito sucessório brasileiro, especificamente o instituo da herança, bem como definir herança digital; c) verificar, com base na doutrina, se a inexistência legislativa em relação à herança digital implica, necessariamente, na violação do direito à privacidade do de cujus. Para tanto, utiliza-se o método indutivo, além de pesquisa bibliográfica e legislativa. Como considerações finais, verificou-se que, em que pese o fim da pesquisa não significar um resultado estático, apesar da falta de legislação, o entendimento é de que é possível aplicar a herança digital sem violar o direito à privacidade do falecido, desde que observadas as demais legislações quanto às temáticas de informações sensíveis bem como a intimidade individual.
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A Revista Integratio (RI) prioriza a publicação de artigos científicos inéditos de graduandos de todas as áreas do conhecimento, valorizando pesquisas originais que contribuam com novos debates acadêmicos.