Objetivo: Analisar o trabalho imaterial na carreira de mulheres pertencentes a um coletivo musical na Fronteira da Paz, localidade como é conhecida a conurbação de Santana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai), devido à sua união geográfica, cultural, econômica e social.
Desenho/metodologia/abordagem: Foi realizado um estudo de caso qualitativo e descritivo (Godoi & Balsini, 2010; Godoy, 2010) do Proyecto Lunares Binacional, primeiro coletivo de mulheres artistas nessa localidade fronteiriça. A coleta e análise de dados foi realizada por triangulação entre pesquisa documental (Godoy, 2010), com análise dos posts das redes sociais Instagram e YouTube do coletivo; entrevista semiestruturada (Godoi & Mattos, 2010) com a fundadora; e grupo de discussão (Godoi, 2015) com quatro integrantes do coletivo.
Resultados: O coletivo surge em prol da carreira de mulheres cantoras, instrumentistas e produtoras culturais e acontece a partir do trabalho imaterial que se evidencia no empreendedorismo de si, na melhoria de performance artística e na criação de redes cooperativas com foco no gênero, na profissão musical e na cultura fronteiriça. A sonoridade é tida como a busca pela carreira artística harmoniosa e que valoriza aspectos do Brasil-Uruguai e a sororidade é tida como um elo de solidariedade entre as mulheres para combater a misoginia no mercado musical.
Originalidade/valor: O estudo evidencia o modo de operar do trabalho imaterial com ênfase na importância da sororidade na vida profissional das mulheres no contexto de um coletivo musical binacional mostrando como a cooperação é fundamental para o desenvolvimento e a resistência dessas artistas.
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