Objetivo: Este estudo investiga como as microempresas utilizam tecnologias digitais para criar inovações frugais capazes de habilitar a transformação digital em contextos de mercados emergentes. O objetivo inclui caracterizar essas inovações, identificar processos de conhecimento relacionados à bricolagem empreendedora e verificar como diferentes padrões de bricolagem influenciam soluções de tecnologias digitais.
Método: A pesquisa é de natureza qualitativa e exploratória, baseada em estudo de caso com dez microempresas localizadas em uma região emergente no Brasil. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e análise de dados secundários. A análise foi apoiada por técnicas de categorização temática com o software Atlas.ti para sistematização, codificação e interpretação dos dados.
Resultados: As microempresas demonstraram capacidades dinâmicas de sensing, seizing e transforming, bem como capacidade absortiva, evidenciando o uso de bricolagem para adaptar tecnologias simples, como redes sociais (WhatsApp, Instagram), aplicativos de mensagens e marketplaces. Essas tecnologias foram transformadas em soluções de baixo custo para vendas, marketing, logística e relacionamento com clientes. Os processos de bricolagem envolveram imitação e personalização, combinando criatividade e eficiência para superar restrições financeiras e estruturais. Os achados destacam a inovação frugal como estratégia central para a transformação digital, promovendo competitividade e resiliência organizacional.
Originalidade e Valor: A pesquisa contribui teoricamente ao integrar conceitos de capacidades dinâmicas, bricolagem e inovação frugal, demonstrando sua aplicabilidade em contextos de recursos limitados. Praticamente, oferece insights para microempresas e formuladores de políticas sobre como superar barreiras financeiras e tecnológicas por meio de soluções acessíveis e sustentáveis.
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