O presente artigo propõe-se a sistematizar aproximações e distanciamentos entre as noções de habitus, proveniente do instrumental metodológico do estruturalismo construtivista de Bourdieu (2004a, 2007), e paradigma jornalístico, construída por Charron e Bonville (2016) apropriando-se da noção de paradigma originária da teoria das revoluções científicas de Thomas Kuhn (2011). Ambas as concepções fazem referência a saberes compartilhados por um grupo social, adquiridos a partir da experiência social concreta e internalizados pelos indivíduos. Considerando suas semelhanças e distinções, reflete-se sobre as potencialidades metodológicas de cada uma dessas concepções para a pesquisa em jornalismo.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.
______. Coisas Ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004a.
______. Os usos da Ciência. São Paulo: Unesp, 2004b.
______. The Political Field, the Social Science Field and the Journalistic Field. In: BENSON, R; NEVEU, E. Bourdieu and Journalistic Field. London/ Malden: Polity Press, 2005.
CHAMPAGNE, Patrick. The “double dependency”: the journalistic field between politics and markets. In: BENSON, Rodney; NEVEU, Erick (Orgs.). Bourdieu and the journalistic field. Cambridge: Polity Press, 2005.
CHARRON, Jean; BONVILLE, Jean de. Natureza e Transformação do Jornalismo. Florianópolis: Insular, 2016.
______. De la théorie au terrain: modele explicatif de l’evolution du jornal télévisé au Québec. Études de communication publique. Québec, n. 18, 2005. Disponível em: < https://www.flsh.ulaval.ca/sites/flsh.ulaval.ca/files/flsh/communication/professeurs/charron-2005.pdf>. Acesso em 07 set. 2021.
CUPANI, Alberto Oscar. Filosofia da ciência. Florianópolis: Filosofia Ead UFSC, 2009.
GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide: para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Tche, 1989.
GIDDENS, Anthony. A constituição da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
GROTH, Otto. O poder cultural desconhecido: fundamentos da Ciência dos Jornais. Petrópolis: Vozes, 2011.
KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 10.ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.
PETERS, Gabriel. De volta à Argélia: a encruzilhada etnossociológica de Bourdieu. Tempo social. São Paulo, v. 29, n. 1, 2017, p. 275-303. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/104448>. Acesso em 8 set. 2021.
SCHUDSON, Michael. Autonomy from what? In: BENSON, Rodney; NEVEU, Erick (Orgs.). Bourdieu and the journalistic field. Cambridge: Polity Press, 2005.
SCHULTZ, Ida. The journalistic gut feeling: journalistic doxa, news habitus and orthodox news values. Journalism Practice, vol. 1, n. 2, 2007, p. 190-207.
TUCHMAN, Gaye. A objetividade como ritual estratégico: uma análise das noções de objetividade dos jornalistas. In: TRAQUINA, Nelson (org). Jornalismo: questões, teorias e estórias. Lisboa: Veja, 1993.
______. Making news: a study in the construction of reality. New York: The Free Press, 1978.
WACQUANT, Loïc. Esclarecer o habitus. Educação e linguagem. São Bernardo do Campo, n. 16, jul./dez. 2007, p. 63-71. Disponível em: < https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/EL/article/view/126>. Acesso em: 8 set. 2021.
______. Seguindo Pierre Bourdieu no campo. Revista Sociologia e Política. Curitiba, n. 26, jun. 2016, p. 13-29. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rsocp/a/m7FYxJqkqGWG3WF6LZWpbsr/?lang=pt#>. Acesso em 07 set. 2021.
Copyright (c) 2025 Camila Maurer
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Revista académica vinculada aos cursos de Comunicação e ao Programa de Mestrado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).