Objetivo: este estudo se propõe a investigar processos de interações subjetivos e objetivos expressos na série Game of Thrones cujos entendimentos fomentam a construção de representações do Girl Power na atualidade.
Design / metodologia / abordagem: foram realizadas entrevistas em profundidade com indivíduos que se autointitulam fãs da série, e analisados materiais jornalísticos publicados em veículos de mídia digitais que interligam o conceito do Girl Power ao imaginário da série.
Resultados: os resultados foram interpretados à luz do feminismo interseccional e do marketing crítico. Notou-se, portanto, que o ato de posicionar mulheres no centro das narrativas representa uma mudança na dramaturgia contemporânea.
Limitações / implicações da pesquisa: não é possível concluir que esta série seja feminista, como singularizado por alguns entrevistados. Essa divergência surge devido aos desencontros conceituais entre o empoderamento feminino; pós-feminismo; apelos neoliberais; a atitude dos personagens; e dos responsáveis pela construção da série observados durante as análises do estudo.
Originalidade / valor: o artigo une teorias de diferentes heranças teóricas, favorecendo, assim, diferentes perspectivas e aberturas interdisciplinares para compreender contextos que unem o marketing, comportamento do consumidor e o consumo aos estudos feministas. Ademais, estimula o desenvolvimento do pensamento crítico capaz de impactar sociedades, organizações, instituições e o consumo enfocado no debate.
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