• Resumo

    Produção de Natureza e Turismo Sustentável: Uma Leitura Do Desenvolvimento Turístico da Nova Rússia, Blumenau (SC)

    Data de publicação: 30/09/2025

    Objetivo – Analisar a Produção de Natureza como base para o turismo sustentável na Nova Rússia (Blumenau/SC), com referência comparativa à Grande Reserva Mata Atlântica (Antonina e Morretes/PR), articulando os achados às dimensões ambiental, política, econômica, social e cultural do desenvolvimento sustentável.

    Desenho/metodologia/abordagem – Estudo aplicado, qualitativo e exploratório. Procedimentos: pesquisa bibliográfica, documental e bibliométrica; entrevistas semiestruturadas com atores do poder público, iniciativa privada e sociedade civil (oito participantes); observação participante (incluindo o evento Ultra Trail); e análise orientada por matriz qualitativa baseada nas dimensões do desenvolvimento sustentável. Inclui contraste com a experiência da Grande Reserva Mata Atlântica como caso inspirador da Produção de Natureza.

    Resultados – A Nova Rússia consolidou o turismo de natureza como segmento central (recantos, pesque-pague, trilhas, cicloturismo), com reconhecimento da natureza como ativo econômico e efeitos positivos de eventos na economia local. Persistem lacunas de governança, infraestrutura (saneamento, mobilidade, capacidade de carga) e consciência ecológica de visitantes. O estudo propõe diretrizes: (i) ambiental – conservação da biodiversidade, manejo de capacidade de carga e monitoramento de eventos; (ii) política – instância de governança local e políticas de turismo; (iii) econômica – diversificação de produtos (observação de fauna/flora, turismo científico e de aventura) e fomento ao empreendedorismo; (iv) social – qualificação de mão de obra e mitigação da sazonalidade; (v) cultural – valorização do Ecomuseu e do patrimônio material e imaterial.

    Implicações práticas – Oferece roteiro operativo para gestores municipais e empreendedores: criação de conselho gestor, integração entre parque e atores locais, investimentos em infraestrutura básica e turística, programas de educação ambiental, e protocolos para eventos sustentáveis.

    Originalidade/valor – Avança a aplicação do conceito de Produção de Natureza (Jiménez Pérez) a um destino rural brasileiro, combinado a uma matriz analítica operacional e às dimensões de Sachs, preenchendo lacuna empírica sobre como converter conservação em desenvolvimento local via turismo sustentável.

  • Referências

    Berselli, C., Pereira, L. A., Pereira, T., & Limberger, P. F. (2021). Overtourism: Residents' perceived impacts of tourism saturation. Tourism Analysis, 27(2), 161-172.

    Borges, R. A., Alves, M. C., Sezerino, F. D. S., & Santos, S. R. L. D. (2021). Grande Reserva Mata Atlântica: um destino turístico de produção de natureza.

    Butler, R. W. (1999). Sustainable tourism: A state‐of‐the‐art review. Tourism geographies, 1(1), 7-25.

    Carrasco Luna, A. (2017). Producción de la naturaleza capitalista y acumulación por desposesión. La industria minera del cobre y el caso de la Minera Los Pelambres en la provincia de Choapa (1996-2004) (Doctoral dissertation, Universidad Academia Humanismo Cristiano).

    Casanova, P. G. (2003). Los Caracoles zapatistas: redes de resistencia y autonomía. OSAL, 15-30.

    Casanova, P. G. (2021). Colonialismo interno [una redefinición]. Revista Cubana de Ciencias Sociales, (54), 249-273.

    Cavalcanti, C. (2010). Concepções da economia ecológica: suas relações com a economia dominante e a economia ambiental. Estudos avançados, 24, 53-67.

    Dolnicar, S., Crouch, G. I., & Long, P. (2008). Environment-friendly tourists: What do we really know about them?. Journal of sustainable tourism, 16(2), 197-210.

    Euclydes, A. C. P. (2012). Proteção da natureza e produção da natureza: política, ideologias e diversidade na criação de unidades de conservação na periferia sul da metrópole belo-horizontina.

    Fernandes, E. A., & Leite, G. B. (2021). Atuação dos projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo para o desenvolvimento sustentável no Brasil. Brazilian Journal of Political Economy, 41, 351-371.

    Fernández Durán, R. (2011). El Antropoceno: La expansión del capitalismo global choca con la biosfera.

    Garrod, B., Wornell, R., & Youell, R. (2006). Re-conceptualising rural resources as countryside capital: The case of rural tourism. Journal of rural studies, 22(1), 117-128.

    Hall, C. M. (2008). Tourism planning: Policies, processes and relationships. Pearson education.

    Hanai, F. Y. (2012). Desenvolvimento sustentável e sustentabilidade do turismo: conceitos, reflexões e perspectivas. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, 8(1).

    Henri, L., & Donald, N. S. (1991). The production of space. Massachusetts: Blackwell.

    Juvan, E., & Dolnicar, S. (2014). The attitude–behaviour gap in sustainable tourism. Annals of tourism research, 48, 76-95.

    Knop, R. G., & da Silva, K. H. (2018). A Produção da Natureza em Geografia. XIX Encontro Nacional de Geógrafos. João Pessoa, 2018.

    Lee, W. H., & Moscardo, G. (2005). Understanding the impact of ecotourism resort experiences on tourists’ environmental attitudes and behavioural intentions. Journal of sustainable tourism, 13(6), 546-565.

    Oliveros, R. (2022). Producción de la naturaleza, fractura metabólica y colonialismo. RELIGACIÓN. Revista de Ciencias Sociales y Humanidades, 3(7), e21092.

    Orellana, M. B. C., Mellado, F. R. M., & Luna, J. M. (2017). Más tiempo para aprender: Evidencias para aportar al debate sobre equidad, inclusión y gratuidad de la Educación Superior a partir de resultados de dispositivos de nivelación matemática. Pensamiento educativo, 54(1), 1-15.

    Panrotas. (2021a). OMT registrou 1,5 bilhão de chegadas internacionais em 2019. Disponível em: https://www.panrotas.com.br/mercado/pesquisas-e-estatisticas/2020/01/omt-registrou-15-bilhao-de-chegadas-internacionais-em-2019_170528.html. Acesso em: 24 abr. 2022.

    Panrotas. (2021b). Números da OMT oficializam o rombo da crise no Turismo em 2020. Disponível em: https://www.panrotas.com.br/mercado/economia-e-politica/2021/01/numeros-da-omt-oficializam-o-rombo-da-crise-no-turismo-em-2020_179334.html. Acesso em: 24 abr. 2022.

    Pereira, T., Berselli, C., Pereira, L. A., & Limberger, P. F. (2020). Overtourism: An analysis of demographic and socioeconomic factors with the evasion indicators of residents in Brazilian coastal destinations. Tourism Planning & Development, 19(6), 526-549.

    Pérez, I. J. (2019). Produção de natureza: parques, rewilding e desenvolvimento local. Curitiba: SPVS.

    Rasoolimanesh, S. M., Ramakrishna, S., Hall, C. M., Esfandiar, K., & Seyfi, S. (2023). A systematic scoping review of sustainable tourism indicators in relation to the sustainable development goals. Journal of Sustainable Tourism, 31(7), 1497-1517.

    Reis, C., Reimondo Barrios, Y. M., Sommer da Silva, R. B., & Busarello, M. T. B. (2022). Roteiro para análise de dados qualitativos em pesquisas sobre turismo e desenvolvimento sustentável. Revista Turismo: Visão e Ação, 24(3), 512-526.

    Rockström, J., Gupta, J., Lenton, T. M., Qin, D., Lade, S. J., Abrams, J. F., ... & Winkelmann, R. (2021). Identifying a safe and just corridor for people and the planet. Earth's Future, 9(4), e2020EF001866.

    Ruschmann, D. (2001). Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. Papirus editora.

    Sachs, I. (1981). Ecodesenvolvimento crescer sem destruir. Vértice.

    Sachs, I. (2002). Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Editora Garamond.

    Schmidt, C. M. (2006). Cultura empreendedora: contribuição para o arranjo produtivo local de turismo sustentável da Nova Rússia, Blumenau, SC (Tese de Mestrado, Universidade Regional de Blumenau, Brasil).

    Sen, A. (2000). Desenvolvimento como liberdade. Editora Companhia das letras.

    Silva, R. B. S. (2023). A produção de natureza como base para o desenvolvimento do turismo sustentável na Nova Rússia, Blumenau, Santa Catarina. 2023. 191 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Regional) - Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional, Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2023. Recuperado de: http://bu.furb.br/docs/TE/2023/369327_1_1.pdf.

    Souza, M. L. D. (2013). Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Memória das olimpiadas. P 1.

    Swarbrooke, J. (2000). Turismo Sustentável: conceitos e impacto ambiental. vol. 01; trad. Margarete Dias. São Paulo: Aleph.

    Tanguay, G. A., Rajaonson, J., & Therrien, M. C. (2013). Sustainable tourism indicators: Selection criteria for policy implementation and scientific recognition. Journal of sustainable Tourism, 21(6), 862-879.

    UNRIC. (2019). Guia sobre o Desenvolvimento Sustentável: 17 objetivos para transformar o nosso mundo. Centro de Informação Regional das Nações Unidas para a Europa Ocidental e República Portuguesa: Negócios Estrangeiros, 2019.

    Van Bellen, H. M. (2005). Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. FGV editora.

    Yilmaz, S., Kim, H., & Ko, Y. (2021). Counterfactual thinking in sustainable tourism context. Journal of Travel Research, 61(6), 1252-1266.

Turismo: Visão e Ação

A Turismo: Visão e Ação vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - Mestrado e Doutorado, é um periódico científico de publicação no sistema de fluxo contínuo, interdisciplinar e de alcance internacional, classificada, segundo os critérios Qualis/CAPES (2017-2020), como 'A3' na área de Administração, Ciências Contábeis e Turismo. Registrada no ISSN sob o número 1983-7151, a Turismo: Visão e Ação iniciou suas atividades em 1998 com publicações impressas, nas versões inglês e português. Em 2008, transformou-se em publicação On-Line, com alcance maior do público interessado, mantendo como política de ser um periódico de acesso aberto e sem cobranças de taxas de submissão e acesso aos artigos. A Turismo: Visão e Ação (TVA) possui como título abreviado do periódico Tur., Visão e Ação, usado em bibliografias, notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas.

 

Access journal