UMA ETNOGRAFIA NUM PRESÍDIO FEMININO NO SUL DO BRASIL: MULHERES-MÃES E SEUS FILHOS NO CÁRCERE
Data de publicação: 27/10/2017
Com base num discurso crítico sobre a maternidade (BADINTER, 1980) elegemos como foco desta pesquisa uma discussão sobre a maternidade no interior de presídios femininos e o papel do Estado e de políticas públicas, que deveriam humanizar esta experiência. Nosso campo se deu numa penitenciária feminina situada no sul do Brasil, nossas interlocutoras foram mães que criam seus filhos dentro do presídio. Além delas, entrevistamos a diretora do presídio e agentes prisionais. O método utilizado foi a pesquisa qualitativa, elaborada por meio de uma etnografia e de entrevistas livres formatadas em narrativas biográficas das mulheres em foco. Diante da barbárie do sistema prisional brasileiro, um berçário apareceu como um oásis, numa tentativa de humanização de um lugar antes fétido e inapropriado para o abrigo de qualquer adulto e, neste caso, de crianças em idade de amamentação e suas mães. Uma política pública customizada, diante de um contexto precário, com certeza não resolverá os problemas estruturais de nossas prisões, mas desponta como um sinalizador que iniciativas aparentemente pequenas, modificam a vida de uma parcela da população e, nesta discussão num sentido mais amplo, demonstra que as maternidades e suas vicissitudes devem ser tratadas como relações construídas contextual e historicamente e respeitadas, como no caso do presídio, pelos Estados e suas políticas públicas.