Ante a abrangência semântica que o termo violência escolar tem alcançado na atualidade, significá-lo rigorosamente torna-se imperioso se pretendemos enfrentar o problema à margem da “histeria midiática” (DEBARBIEUX, 2002) ou da negação deste fenômeno que tem desestabilizado as múltiplas concepções de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, este artigo se propõe a apreender como têm sido travadas as disputas que se pretendem significadoras das concepções e práticas de enfrentamento das diversas facetas da violência que atravessam hoje o cotidiano das instituições de ensino. Trata-se de um estudo de natureza descritiva bibliográfica cujos principais aportes teóricos residem em Alice Itani, Miguel Arroyo, Bernard Charlot, Julio Aquino, Mirian Leite e Eric Debarbieux. Algumas considerações foram levantadas: (1) a indistinção conceitual dos termos utilizados para significar as muitas facetas da violência escolar pode torná-la categoria segregadora de um grupo rotulado como violento-infrator; (2) a falta de rigor apresentada por alguns autores ao discutir a temática retratam a fragilidade das categorias de público a qual a escola hoje busca representar, e de infância como algo universalmente reconhecível; e (3) a violência pode decorrer do hiato existente entre o aluno real que hoje se insere na escola e o ainda vigente modelo pedagógico moderno hegemonicamente determinado que desconsidera as diferenças identitárias. Ficou clara, por fim, a importância de se enfrentar a desestabilização provocada pela questão da violência, e que a prática de refletir semanticamente o termo constitui-se um primeiro passo à formulação de estratégias para o seu enfrentamento.
A CONTRAPONTOS é uma publicação reconhecida pela área da Educação, seriada, arbitrada e dirigida prioritariamente a uma comunidade acadêmico-científica. Vem circulando nacionalmente desde 2001.