O presente artigo objetiva analisar o sofrimento humano causado nas relações de trabalho pelas novas exigências do mercado neoliberal; da sua violência psicológica e da instauração da banalização de injustiça social. Nossa pesquisa bibliográfica, na perspectiva da crítica filosófica, se inscreve nos possíveis espaços dos mecanismos subjetivos de dominação do neoliberalismo; os efeitos psíquicos sobre o humano que se tornam devastadores, cujos sofrimentos sociais se somatizam na sociedade e nem sempre são considerados estruturalmente pela educação. Consideramos o neoliberalismo como a manifestação da nova racionalidade global, como Pierre Dardot e Christian Laval (2016), a qual impera nos governos locais; mas, sobretudo, assume a própria conduta dos governados, impondo tacitamente a criação de uma nova ética pela qual as relações sociais se estabelecem: o mercado e os homens empresa. Trata-se de um mecanismo subjetivo de colonização contemporânea, cuja nova moralidade mercantil subalterniza e dociliza consciências. Pela subalternização, identificamos a intimidação e o medo nas relações trabalhistas como novas táticas de dominações, como apontam Paulo Arantes (2014) e Cristophe Dejours (2001). O sofrimento social é consequência desse novo ethos-racional capitalista. Também, no escopo dessa investigação, apontamos como lastro desse sofrimento social a categorização estrutural da pedagogia do sofrimento e do sacrifício necessário na sociedade, analisados por Veena Das (2008), como construtos de coesão social, conformação e legitimação dessa nova moralidade neoliberal por meio da própria cultura e da educação para consolidação da sociedade moderna.
A CONTRAPONTOS é uma publicação reconhecida pela área da Educação, seriada, arbitrada e dirigida prioritariamente a uma comunidade acadêmico-científica. Vem circulando nacionalmente desde 2001.