Este artigo trata da constituição de corpos esportivos em dupla chave: o par eficiência-deficiência e a possibilidade de expressão estética. Faz isso tomando em conta resultados de uma pesquisa sobre a prática do basquete em cadeira de rodas. Considera, para tanto, o papel da tecnologia como determinante das práticas, compondo o sujeito e tornando o que seria sua natureza (que jamais pode ser determinada) um complemento da máquina. Se o esporte supõe o domínio do corpo – ou sua produção como domínio de si, do sujeito –, a maquinaria que se incorpora pode produzir uma expressão estética que transcenda o domínio que não raro o senso comum atribui ao paralimpismo: grotesco. Os domínios técnico e tático, aliados à habilidade do manejo da cadeira, podem gerar novas experiências estéticas, insuspeitadas, porque são calcadas na deficiência que se quer eficiente. Essa estética, tão necessária, tem, portanto, seu custo, que é a redução do corpo a instrumento. O paradoxo não é exclusivo do esporte paralímpico, mas é ele que leva, às últimas consequências, as formas e usos do corpo esportivo.
Copyright (c) 2022 Revista Contrapontos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A CONTRAPONTOS é uma publicação reconhecida pela área da Educação, seriada, arbitrada e dirigida prioritariamente a uma comunidade acadêmico-científica. Vem circulando nacionalmente desde 2001.