O texto tem como objetivo estabelecer reflexões a partir da obra fílmica de Geraldo Motta Filho “O senhor do labirinto” (2014) com a alegoria mítica do “labirinto de Creta”. O filme retrata a obra e a vida de Arthur Bispo do Rosário, que foi considerado louco durante sua internação no manicômio da Colônia Juliano Moreira (RJ). Usando fios e madeira, Bispo conseguiu confeccionar e compor inúmeros artefatos de arte com seus bordados e conhecimento de carpintaria. Considerando a analogia do labirinto, o texto fia uma análise do filme a partir de sua poética e estética, bem como da relação do artista com o dispositivo manicomial. Conclui-se que, tanto na sua poética (aspectos da construção e produção) como na sua estética (representação visual e sonora), o filme se apresenta a partir do pressuposto labiríntico na medida em que seu percurso e montagem foram traçados e percorridos por desvios e enganos. A obra e vida de Bispo, retratada na película, é a celebração da loucura enquanto poética de vida.
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