Ciências e crianças: delineando caminhos de uma iniciação às ciências para crianças pequenas
Published date: 09/03/2009
Este texto se propõe a discutir a problemática posta por uma iniciação às ciências para crianças pequenas, com base em estudos psicológicos sobre cognição infantil articulados à pesquisa em educação em ciências, e tendo como horizonte a Educação Infantil. Para isso, é necessário enfrentar o argumento de que as ciências naturais se definem por uma racionalidade abstrata e ferramentas lógicomatemáticas sofisticadas que, por isso mesmo, estariam fora do alcance da criança pequena. Começamos então por problematizar a afirmação, comum nos meios educacionais e entre adultos de modo geral, de que ‘a criança é concreta’ e, portanto, não está pronta para lidar com idéias abstratas. Evocando os resultados de pesquisas atuais sobre a cognição infantil, evidenciamos a precocidade das ferramentas mentais da criança pequena que, em determinados aspectos se mostram inclusive convergentes com o pensamento científico. Uma vez demonstrada a capacidade da criança pequena para pensar, e mais, para pensar bem, faz-se necessário examinar o que entendemos por ciências. Para esta tarefa, recorremos à pesquisa em educação em ciências que, para responder à pergunta o que ensinar, aponta para algumas características definidoras da atividade científica. Ao mesmo tempo que reiterando o caráter abstrato dos conhecimentos nestas áreas, a pesquisa em educação em ciências indica elementos de uma concepção diferenciada que oferece pistas para nosso tema. Em uma perspectiva mais propositiva, articulamos uma proposta de educação em ciências que destaca as dimensões de experiência, linguagem e conhecimento, com uma discussão da gênese psicológica da experimentação, para concluir que uma iniciação às ciências para crianças pequenas é possível.