Michel Foucault discutiu o conceito de discurso, compreendendo-o não enquanto aquilo que representa a realidade, mas o que, de outra forma, a fabrica. Em seus escritos, Foucault constituiu ferramentas que nos possibilitam operar com uma análise do discurso, tomando as discursividades em suas condições de existência e em seus efeitos. O autor, ao propor direcionamentos metodológicos para uma análise do discurso, traz o conceito de enunciado enquanto uma função enunciativa, que permite a existência de atos de linguagem. Investindo nas discussões foucaultianas do discurso, em seus aspectos teóricos e metodológicos, este artigo pretende abordar uma possibilidade de operar com algumas ferramentas da análise do discurso em Michel Foucault. Para tanto, será feita referência à pesquisa desenvolvida em curso de Mestrado em Educação, cujo objetivo era problematizar os modos de subjetivação que estariam funcionando nos discursos curriculares de escolas de surdos. Essa pesquisa operou com procedimentos metodológicos de análise do discurso, os quais o presente artigo pretende explorar. A intenção aqui é apresentar algumas pistas de se fazer pesquisa operando metodologicamente com as ferramentas da análise foucaultiana, mobilizando os conceitos do autor. A referida pesquisa, ao estudar sua rede documental, identifi cou o funcionamento de três enunciados relativos aos modos de subjetivação que produzem formas de ser sujeito surdo. Estes enunciados aparecem enquanto função de existência de uma série de enunciações presentes nos documentos curriculares que compuseram a rede documental da pesquisa – a saber, Projetos Políticos Pedagógicos e Regimentos Escolares de três escolas de surdos no Rio Grande do Sul.
Copyright (c) 2022 Revista Contrapontos
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A CONTRAPONTOS é uma publicação reconhecida pela área da Educação, seriada, arbitrada e dirigida prioritariamente a uma comunidade acadêmico-científica. Vem circulando nacionalmente desde 2001.