O presente estudo analisa as representações racializadas do personagem negro “Pimpo” e de sua família e as dimensões pedagógicas de quatro Histórias em Quadrinho (HQs) publicadas na revista infantil Cacique, no ano de 1954. O objetivo central é, a partir da abordagem teórica dos Estudos Culturais, desnaturalizar e problematizar os significados específicos atribuídos às representações do corpo de personagens negros em HQs e aos seus comportamentos. Entre os resultados de pesquisa destaca-se, inicialmente, o potencial pedagógico das revistas infantis e das HQs, produzindo e disseminando formas de ser criança entre os leitores. No caso particular das representações sobre o personagem negro Pimpo, nas HQs da Revista Cacique, considera-se que elas são marcadas por certa ambiguidade de significados e sentidos. Por um lado, o personagem Pimpo foi reduzido a representações estereotipadas e estigmatizadas, como “moleque”, preguiçoso, traquinas, marcado racialmente pela diferença da cor preta da sua pele, pelo seu cabelo encarapinhado, pelos olhos esbugalhados e lábios proeminentes. Por outro lado, foi humanizado, apresentado convivendo com sua família e com amigos brancos e um primo pardo, aparentemente integrado, dentro das premissas da democracia racial vigente naquela época.
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