No presente artigo, tem-se como objetivo problematizar as formas de constituição do eu contemporâneo por meio de práticas de confissão e modos de espetacularização do corpo e da saúde, apresentados no livro “Medida Certa – como chegamos lá: com Márcio Atalla”. Para tanto, leituras e ferramentas conceituais foucaultianas foram válidas para este fim. Num primeiro momento, registrou-se a inspiração analítica, baseada na análise do discurso. Em seguida, utilizaram-se as análises realizadas por Foucault sobre práticas de confissão e de direção do eu para discutir os elementos presentes na obra analisada, em especial, aquelas tocantes às práticas de saúde e emagrecimento. Entende-se, neste artigo, que as formas de publicização do eu privado se valem de tecnologias de confissão não mais baseadas em um confessionário privado para um único diretor de almas, mas sim, na contemporaneidade, se apoiam de espetacularizações públicas e coletivas que têm os espectadores como aqueles a quem se dirige e se deve satisfação. Tais processos compõem um emaranhado discursivo que valora as práticas de si e as transforma em bens de consumo, dirigindo, concomitantemente, tanto aqueles que se expõem, como aqueles que observam e participam ativamente da direção do outro. Essas ações são, aqui, consideradas como modos de regulação e governo do eu contemporâneo.
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