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Objetivo – Este artigo tem como objetivo identificar as opiniões e os pontos de vista dos atores envolvidos na prática turística, como fator de desenvolvimento na Área de Proteção Ambiental Ilha do Combu – Belém do Pará, Brasil.
Desenho/metodologia/abordagem – Foi utilizada a técnica de entrevistas semiestruturadas, direcionadas ao público-alvo incluindo representantes do mercado, o poder público e a sociedade civil. A análise de conteúdo foi empregada para interpretar os dados obtidos.
Resultados – Os achados revelam a existência de desafios nos âmbitos social, cultural, ambiental e econômico, principalmente devido à ausência de políticas públicas que regulamente o uso da área. Identificou-se uma falta de integração e comunicação entre os órgãos responsáveis, bem como lacunas na atribuição de responsabilidades e investimentos suficientes em recursos humanos e financeiros. Enquanto os atores do poder público e os moradores diretamente envolvidos na atividade turística percebem a prática como benéfica, devido à geração de emprego e renda, os moradores que não participam dessa atividade consideram os benefícios restritos a uma parcela limitada da população.
Limitações/implicações da pesquisa – As limitações incluem dificuldades no acesso aos empreendimentos para realização das entrevistas, possivelmente atribuídas à falta de interesse dos participantes em discutir suas práticas na Ilha. Tal resistência pode estar relacionada à ausência de preocupações ambientais, evidenciada pelo desmatamento e pela construção de estruturas que desrespeitam a legislação ambiental aplicável às APAs. Além disso, foi identificado que as principais preocupações dos empreendimentos estão concentradas no comércio de alimentos e bebidas.
Implicações práticas – O estudo ressalta a necessidade de delimitar claramente as responsabilidades dos órgãos públicos responsáveis pela gestão da área. É essencial que sejam planejadas e implementadas políticas públicas voltadas para a conservação ambiental e a mitigação dos problemas identificados. As ações governamentais devem priorizar o controle do uso da área, garantindo a compatibilidade entre desenvolvimento local e preservação ambiental.
Originalidade/valor – Este artigo contribui para a literatura sobre estudos de caso ao explorar um contexto geográfico e temático com escassez de investigações recentes, especialmente no que tange aos impactos do uso da área em questões sociais, econômicas e ambientais.
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