A raça Angus, de origem britânica e hoje uma das mais valorizadas no mercado de carnes premium, ocupa o centro dessas transformações. Introduzida há mais de um século no Pampa, sua consolidação resultou da articulação entre técnicas de manejo, saberes locais e intervenções zootécnicas que aprenderam a negociar resistências ecológicas e políticas. Resultando de uma pesquisa etnográfica multissituada e multiespécie, desenvolvida entre a Campanha Gaúcha, os Campos de Cima da Serra no Rio Grande do Sul e o Planalto Serrano em Santa Catarina, junto a criadores de gado da raça Angus, o artigo descreve como composições entre biotecnologia e lida campeira vêm redefinindo a seleção e o melhoramento genético do rebanho. Essas ferramentas não substituem a lida campeira, mas se entrelaçam a ela na prática cotidiana, produzindo novas formas de decisão, cuidado e controle. Esse arranjo híbrido entre laboratório e campo participa da construção de um tipo específico de bovino e, ao mesmo tempo, reconfigura os futuros pecuários do Brasil.

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