Intencionamos com o nosso texto contribuir com a reflexão sobre a produção do conhecimento no campo da História da Educação, apresentando a micro-história como aporte teórico metodológico possível para a leitura, questionamento e elaboração de hipóteses sobre as sociedades do passado, a partir de pistas, vestígios e sinais. Uma das dificuldades que o pesquisador da Educação encontra é que as fontes documentais de pesquisas, em alguns casos, possuem lacunas devido a perdas e a diferentes arranjos das instituições de memória. Como construir um modelo explicativo respeitando a singularidade do seu objeto de pesquisa? A partir do Paradigma Indiciário, proposto por Ginzburg (1989), apresentamos uma possibilidade de reunir as peças do quebra-cabeça e descobrir a beleza do desenho. Nosso texto apresenta o diálogo entre a História e a História da Educação. Elegemos como interlocutores Vainfas (2002), autor do livro Micro história: os protagonistas anônimos da História. Um dos primeiros estudos sobre o tema em tela. Espada Lima (2006) contribuiu para o debate sobre metodologia da pesquisa ao escrever o livro - A micro-história italiana: escalas, indícios e singularidades. Ele nos permite, compreender a gênese do movimento e os estudos desenvolvidos pelos diferentes autores. Schueler e Sooma (2008) publicaram uma resenha do livro de Espada Lima na Revista de História da Educação da Sociedade Brasileira de História da Educação, rompendo as fronteiras da História, aproximando o livro dos pesquisadores da História da Educação. Na mesma direção caminharam Faria Filho e Simões (2012). Eles publicaram no livro Pensadores Sociais e História da Educação, volume dois, um capítulo dedicado ao cruzamento do pensamento de Carlo Ginzburg e a História da Educação. Como resultado, nosso trabalho apresenta o debate sobre a utilização da micro-história como aporte teórico metodológico, para a pensar as pesquisas em História da Educação. Pretendemos caminhar numa trilha aberta pelos autores citados anteriormente, pensando os objetos de pesquisa, a metodologia e o uso das fontes documentais, para que tenhamos estudos que revelem novos matizes e nuances das sociedades do passado.
A CONTRAPONTOS é uma publicação reconhecida pela área da Educação, seriada, arbitrada e dirigida prioritariamente a uma comunidade acadêmico-científica. Vem circulando nacionalmente desde 2001.