O presente estudo buscou compreender como a paisagem da Terra Média, presente na obra do escritor J. R. R. Tolkien, é transposta semioticamente das linguagens narrativas da literatura e do cinema para a cenarizada, tematizada e habitável do turismo, sobretudo como meio de hospedagem que se torna uma experiência de imersão do hóspede em um mundo possível ficcional. Para tanto, foram realizados, em sites de hospedaria, levantamentos de hospedagens temáticas durante o período de novembro de 2022 a abril de 2023 e, posteriormente, optou-se pelo foco nos meios de hospedagem do Brasil. Para auxiliar nas análises, o campo do Turismo e da Geografia foram essenciais, além do campo da Literatura e Narratologia. Para melhor compreensão dos dados, foram elaborados tabelas e gráficos. A partir da concretização das etapas, notou-se, em meio aos resultados, como a topografia local pode interferir diretamente na facilidade para possuir um posicionamento geográfico similar ao da Toca Hobbit. Além disso, constatou-se que há uma questão estruturante e limitante relativa às possibilidades dos códigos de linguagem específicos para cada um dos diversos sistemas representacionais. Ou seja, há clara complexidade e dificuldade na transposição do texto bidimensional para a realidade ancorada no mundo concreto e que enfrente a escassez de recursos físicos, espaciais e econômicos. Por fim, entende-se o potencial que este trabalho apresenta ao desenvolver um método que dá visibilidade à “tematização paisagística” enquanto construtora de experiências, contribuindo na implementação de uma atração turística pautada na “hospitalidade de mundos possíveis ficcionais". Do ponto de vista prático, a pesquisa buscou auxiliar futuros empreendedores a utilizarem novos parâmetros para concepção de projetos de hospedagem tematizadas, tendo como base o imaginário de Tolkien e o universo fantástico das Tocas Hobbit.
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